terça-feira, 16 de dezembro de 2008

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Malisa e Dr. Pepper

Pra você que não conhece o Dr Pepper, eu recomendo. É simplesmente o melhor site de tirinhas da internet. A menos que você não goste de humor politicamente incorreto ou seja menor de 18 anos.


 
 
 

http://www.drpepper.com.br/

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Parabéns, Prefeito!

A manobra de seu padrinho e mentor, Sérgio Cabral, Governador do Estado do Rio de Janeiro, aliado ao chefe da quadrilha, Inácio da Silva, transferindo o feriado do dia do funcionário público para segunda-feira funcionou perfeitamente. Espantou cerca de 900 mil eleitores (a maioria de Gabeira) para fora da cidade e fez a sua falida candidatura peemedebista renascer das cinzas e vencer por um triz...
Numa eleição vencida por uma diferença de pouco mais de 55 mil votos, a manobra foi muito bem executada.

Vou cobrar, uma por uma todas as suas 83 promessas verborrágicas feitas durante sua campanha. Mesmo sabendo que o senhor não cumprirá nem a metade delas. De qualquer modo fica a lista para que seus eleitores possam acompanhar passo a passo a cagada que o senhor irá fazer na prefeitura.

Aqui estão elas:

1. Implantar o bilhete único, que permite ao usuário pegar mais de uma condução pagando só uma tarifa. Mas o sistema terá de se sustentar sozinho. "Não vou subsidiar empresas de ônibus".

2. Licitar as cerca de 400 linhas de ônibus do município e reorganizar o sistema.

3. Legalizar e licitar as linhas de vans, e regulamentar o transporte complementar.

4. Ajudar o estado a implantar a linha 4 do metrô, da Barra a Botafogo (orçada em R$ 1,2 bilhão).

5. Ajudar o estado a implantar o novo trajeto da linha 2 do metrô, para evitar baldeação no Estácio.

6. Fazer a ligação entre a Barra e os subúrbios de Madureira e Penha, por meio de ônibus articulados, o projeto T-5.

7. Pôr limites de velocidade diferentes à noite em áreas consideradas de risco. Também substituir os pardais por lombadas eletrônicas, visíveis. Sincronizar os sinais de trânsito.

8. Renovar a frota de ônibus para dar acesso aos deficientes.

9. Ajudar a Supervia a adquirir novos trens.

10. Regulamentar os pontos de embarque e desembarque de vans e reduzir a taxa do Darm (Documento de Arrecadação Municipal) das vans.

11. Dar meia-passagem a universitários. Criar passe livre para pessoas com tratamento continuado na rede municipal de saúde.

12. Expandir os postos GNV.

13. Não aumentar o IPTU. Engordar a receita por meio da base de arrecadação.

14. Implantar a nota fiscal eletrônica, que permite acompanhar on line a emissão de comprovantes que geram arrecadação de ISS. O sistema é um meio de aumentar a arrecadação sem subir impostos.

15. Criar parcerias com os governos estadual e federal visando dar incentivos fiscais às empresas que empregarem o deficiente.
16. Reduzir o ISS das áreas de tecnologia, turismo e seguros. Dar benefícios tributários às cooperativas de táxi.
17. Acabar com a aprovação automática nas escolas da rede municipal de ensino.

18. Aumentar a rede de creches, triplicando o número de vagas. Oferecer 160 mil vagas nas pré-escolas, colocando todas as crianças de 4 e 5 anos.

19. Usar clubes e áreas afins para atividades extracurriculares de alunos da rede municipal.

20. Instituir aulas de reforço em todas as escolas municipais, contratar mais professores e investir em qualificação e remuneração.

21. Criar o Pró-Técnico, de bolsas em cursos técnicos.

22. Ampliar a rede de vilas olímpicas e criar programas de prevenção às drogas nas escolas.

23. Ampliar o Ônibus da Liberdade (transporte gratuito a alunos).

24. Criar o Fundo Municipal de Apoio à Pesquisa.

25. Não levar o aterro sanitário para Paciência.

26. Criar um programa de reciclagem de lixo.

27. Aproveitar áreas abandonadas ao longo da Av. Brasil para construir unidades habitacionais.

28. Ampliar o PAC das Favelas nos grandes complexos, como Lins e Penha.

29. Continuar o Favela-Bairro, com adaptações para retomar a concepção original.

30. Ampliar os Pousos para fiscalizar construção em favelas. "Não vou permitir novas ocupações".

31. Para ter o apoio do candidato derrotado do PRB, Marcelo Crivella, prometeu implementar o Cimento Social, com adaptações.

32. Pôr em prática o Plano Municipal de Habitação de Interesse Social, para aplicar R$ 50 milhões, por ano, no financiamento de cem mil casas populares. Os recursos seriam garantidos com a parceria entre estado e União, além do apoio da iniciativa privada.

33. Ampliar o Programa Saúde da Família, que no Rio, hoje, tem cobertura de apenas 7%. Criar 60 consultórios de Saúde da Família, funcionando em três turnos.

34. Construir 40 Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) 24 horas, com cinco milhões de atendimento por ano, retirando das filas dos hospitais 20 mil pessoas/dia. Méier e Madureira ganharão as primeiras UPAs.

35. Colocar os postos de saúde abrindo às 6h e fechando às 20h, com plantão permanente de clínicos, pediatras e ginecologistas.

36. Criar um gabinete integrado contra a dengue e um plano emergencial de combate ao mosquito. Contratar, logo, 1.850 agentes de saúde para isso. Postos de saúde e todas as unidades de saúde poderão fazer exame de sangue para diagnosticar a doença.

37. Assumir o papel de gestor pleno da saúde no município.

38. Criar um programa de atendimento domiciliar ao idoso. Criar 20 centros de convivência dos idosos. Readequar as instalações dos centros de saúde municipais pondo rampas, elevadores e outras facilidades.

39. Transformar postos de saúde em Clínicas da Família, com pediatria, ginecologia e odontologia.

40. Ampliar o programa Remédio em Casa para pacientes crônicos.

41. Construir o Hospital da Mulher, em Realengo; uma maternidade em Campo Grande, além de reativar a antiga Maternidade Leila Diniz. As gestantes que fizerem seis consultas de pré-natal vão receber um documento garantindo a maternidade onde terão o filho.

42. Construir cinco centros de reabilitação para deficientes.

43. Criar 150 equipes do Programa de Atendimento Domiciliar ao Idoso (PADI) e implantar 20 Lares do Idoso.

44. Criar 50 equipes multidisciplinares nas escolas, com pediatra, ginecologista, oftalmologista, dentista, psicólogo, fonoaudiólogo e assistente social.

45. Converter unidades de saúde do município em Centros de Referência da Saúde da Mulher, com criação de cinco destes centros.

46. Criar o Hospital do Idoso, na Tijuca.

47. Melhorar o Hospital de Acari e o Paulino Werneck (com obras começando em 2009), aumentar o atendimento do Salgado Filho e do PAM do Méier, além de reequipar todos os hospitais municipais, contratando mais médicos e enfermeiros.

48. Criar três centros de referência para obesos.

49. Criar uma Secretaria de Ordem Pública, para o ordenamento e o combate a pequenos delitos. No início, vai priorizar a Tijuca.

50. Criar corredores iluminados nas áreas que concentram bares e restaurantes, como a Lapa. A Guarda Municipal combaterá os flanelinhas.

51. Adaptar os espaços públicos de lazer aos deficientes.

52. Recuperar e conservar a pavimentação das ruas.

53. Iluminar adequadamente as ruas, em particular os acessos aos corredores de transporte público, aos pontos de ônibus e às estações de trem e metrô.

54. Propor à Câmara um novo Plano Diretor.

55. Construir novos abrigos para população de rua.

56. Criar um centro de cidadania em Bangu.

57. Criar um mergulhão sob a linha do trem de Madureira.

58. Adotar o projeto Cidade Limpa, de São Paulo, para limitar a publicidade nas ruas.

59. Ordenar, regularizar as áreas em que pode haver camelôs, dar licença e fiscalizar. Mas "a Guarda Municipal não vai bater em camelô".

60. Manter as Apacs, com as normas que protegem casarões e prédios de interesse cultural. Serão complementadas com estudos de impacto de vizinhança para construções em áreas adensadas.

61. Manter todos os benefícios do governo atual aos servidores municipais, como carta de crédito, plano de saúde, não cobrança da contribuição previdenciária dos inativos, e dar reajuste salarial anual. Não unir a previdência municipal à do estado.

62. Criar um sistema de acompanhamento orçamentário municipal pela sociedade. Discutir o orçamento cidadão, uma versão do orçamento participativo.

63. Instituir a Secretaria municipal da Mulher.

64. Levar saneamento básico a 100% da Zona Oeste em parceria com o governo do estado.

65. Recuperar as praias da Baía de Sepetiba, e as lagoas da Barra e de Jacarepaguá. Dragar os canais. Retomar o projeto Guardiões dos Rios, que contrata mão-de-obra comunitária para atuar na limpeza dos rios da cidade.

66. Implantar o projeto de reflorestamento Guardiões das Matas

67. Articular com investidores privados a construção e a concessão de um centro de convenções no Aterro do Flamengo. Estimular a expansão da rede hoteleira na Barra da Tijuca. Dinamizar o Centro de Convenções da Cidade Nova.

68. Transformar o Porto e o entorno do Maracanã em áreas turísticas. Investir na promoção da cidade no país e no exterior.

69. Transformar Copacabana em capital brasileira do turismo de terceira idade.

70. Captar recursos para despoluir a bacia de Jacarepaguá.

71. Treinar a Guarda Municipal para trabalhar em cooperação com a polícia. A Guarda terá poder de polícia para combater o pequeno delito, terá seu efetivo aumentado e trabalhará 24 horas.

72. Reformular a Guarda Municipal com o fim do regime celetista, e aumento do efetivo, além de redistribuição da força pela cidade (ênfase na Zona Norte).

73. Equipar o efetivo da Guarda Municipal com armas não-letais e rádios de comunicação.

74. Valorizar as subprefeituras e redefinir seus limites de modo que coincidam com as Áreas Integradas de Segurança Pública.

75. Ampliar o programa Bairro Bacana em parceria com o governo do estado, priorizando áreas com alto índice de crimes de rua.

76. Multiplicar o número de câmeras de vigilância nos principais acessos aos pontos turísticos. Criar um corredor de segurança para o turismo.

77. Criar em parceria com o governo do estado uma nova Delegacia de Atendimento ao Idoso em Copacabana.

78. Apoiar iniciativas de combate à homofobia.

79. Criar o Incentivo Jovem, para identificar iniciativas culturais e esportivas.

80. Criar um parque de lazer em Madureira. Recuperar o Imperator, no Méier.

81. Manter a terceirização da gestão do carnaval, licitando-a.

82. Conceder a Cidade da Música à iniciativa privada.

83. Criar um calendário cultural, tendo, a cada mês, 12 grandes eventos.

Quem (sobre)viver, verá...

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Ora bolas...

Acabo de sair de um debate masculino sobre a pior dor que um ser humano pode sentir. Ficamos entre duas específicas. Não houve consenso e nos dividimos entre uma topada com o dedo mínimo do pé e uma boa pancada no saco. É provável que haja uma terceira como cólica renal, dor de ouvido entre outras. Mas estas envolvem uma patologia e não seria justo que competissem com os acidentes de percurso citados.

Os defensores da topada argumentam que o dedo mínimo não deveria nem existir, já que sua única função seria a de nos orientar espacialmente, determinando os limites dos pés. Não do seu pé, que fique bem claro, mas dos pés das mesinhas de centro, bancadas e afins. Uma topada bem dada envolve até perda da unha e impossibilidade de usar qualquer calçado que não um chinelo durante dias.

Já os que elegeram a pancada no saco diziam que nada se compara à sensibilidade desta parte tão vulnerável da anatomia masculina. Uma dor aguda e contínua, tal qual um violino vibrando uma única nota infinita e incômoda.

Mas houve um único consenso entre os debatedores. Todos concordaram que a topada é uma dor auto-infligida, já que depende unicamente do grau da sua estabanação e disritmia, enquanto a agressão escrotal depende de um agente externo. Uma criança que lhe dê um chute, uma bolada durante o futebol ou algo parecido. Segundo eles, não há como alguém lhe dar uma topada (salvo a improvável situação de duas pessoas descalças se cruzado numa praia e passando tão perto a ponto de chocarem seus dedos mínimos). Assim como não existe a possibilidade de alguém agredir o próprio saco. Mas eles estavam enganados.

Não tive cara de falar na hora, mas eu sou especialista em auto-agressão escrotal – se me permitem o termo técnico. E é uma habilidade antiga e de certo modo periódica. De tempos em tempos eu tento destruir minhas bolas, em alguns casos com tanto empenho que a coisa nem parece acidental. As vezes até de forma cruel.

A primeira vez a gente nunca esquece. Eu tinha 12 para 13 anos e Michael Jackson estava em seu auge. Todo moleque naquela época queria imitar o Michael e treinava coreografias na frente do espelho para depois tirar onda nas festinhas. Eu era relativamente talentoso e tinha uma flexibilidade incrível. Colocava as duas pernas atrás do pescoço com a maior facilidade. Natural que eu me aventurasse em ousados passos. Durante uma apresentação familiar eu executei um dos mais simples, aquele em que Michael sustenta o corpo numa perna só, enquanto balança a outra flexionada para logo em seguida juntá-las em posição de sentido. Eu só não contava que a minha flexibilidade aliada à minha estabanação fosse permitir que meu próprio calcanhar colidisse violentamente contra minhas bolas. Fui direto ao chão, sem ar e sem voz diante do olhar incrédulo da pequena platéia que, durante alguns segundos, não sabia se ria ou me socorria. Óbvio que após a breve exitação a gargalhada foi inevitável.

Depois desta estréia outras tantas agressões aconteceram. Confesso que nenhuma delas foi tão espetacular quanto a primeira, mas em muitas as conseqüências foram bem sérias. Cheguei a ter infecções por rupturas de estruturas internas das minhas amigas – se é que elas ainda me consideram um amigo. Os mais íntimos chegam a me tratar como uma lenda. Eu não conheço outra pessoa que tenha esta capacidade e aposto que você só conhece a mim. Não há outro. Chega a ser um milagre eu ter um filho. Seja cruzando pernas, sentando em cima ou batendo em quinas de mesas eu sei que muitas outras ainda virão.

Há quem diga que o saco é a parte mais importante do corpo de um homem. Que sem ele não teríamos onde guardar as bolas e certamente acabaríamos largando as delicadas estruturas em cima da mesa imunda de algum bar. Ou pior, perdendo pelas ruas para serem pisadas por algum distraído. Imagine o setor de Achados & Perdidos de um grande shopping então! Como reconhecer as suas próprias bolas numa caixa com mais de duzentas? Ah, sem problemas, as minhas são achatadas como uma bolacha maria depois de mais de 20 anos de porradas constantes.

Não sei se existe alguma explicação para esse meu karma. Nem sei se um dia isso terá fim. Na verdade, só tenho uma certeza: haverá uma próxima. E vai doer. Muito.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Prosopopéia Flácida

Desde que o exame nacional do ensino médio foi instituído, a internet passou a propagar os absurdos escritos pelos estudantes neste imenso país. Tenho certeza que você já recebeu pelo menos um destes e-mails com a coletânea anual de baboseiras recolhidas pela banca que corrige as provas. E você certamente ficou achando que muitas daquelas respostas foram criadas apenas para gerar a piada, tamanho o absurdo nelas contido.

Engano seu. Quem conhece algum professor de ensino médio ou mesmo de algum curso superior, já ouviu histórias sobre o baixo nível de nossos alunos. Jovens que não conseguem encadear idéias, desenvolver raciocínios e expressar seu conhecimento na forma de palavras. O vocabulário é pequeno, a gramática é violentada e a ortografia foi abolida há muito. E, segundo as médias do ENEM, esse tipo de jovem é a regra. Anos de descaso e políticas de ensino medíocres acabaram nivelando por baixo o nosso aluno. Eles são a nova regra.

Recentemente um jornal de grande circulação publicou uma entrevista com professores de várias matérias. Com a óbvia exceção do mestre que lecionava Língua Portuguesa, os demais confessaram não subtrair pontos na resposta de seus alunos quando estes cometiam erros gramaticais ou ortográficos. Como assim? Então o sujeito escreve “pobrema” na prova de História do Brasil e tudo bem? Sim, segundo a nova regra, tudo bem. O que importa é o conteúdo, a essência da resposta. Mas o “pobrema” é que o aluno, além de escrever errado e não respeitar as mínimas concordâncias gramaticais, não demonstra um mínimo de coerência ao tentar responder a mais simples das perguntas.

Ficou na minha cabeça a expressão de um deles este ano, quando discorria sobre a ineficiência do poder público diante de certos problemas sociais. Dizia ele que alguns políticos se utilizam de uma “prosopopéia flácida” durante as eleições, prometendo muito e realizando pouco. Depois do inevitável acesso de riso ao ler tal devaneio, tive vontade de puxar a cordinha do país. Pára que eu quero descer! Não se pode negar que o cidadão foi de uma imaginação inigualável. Sua salada de palavras me lembrou uma crônica de Luis Fernando Veríssimo, onde ele utiliza várias delas fora de seu significado natural. Só que nesse caso o recurso foi usado intencionalmente e de forma genial. O aluno o fez por absoluta falta de vocabulário, numa tentativa desesperada de tornar o texto mais culto. Ele conseguiu transformar “discurso vazio” em “prosopopéia flácida”.

Muitos devem estar culpando a internet por estes absurdos. Como a geração anterior culpou a televisão e antes disso ao rádio. A verdade é que nunca se escreveu e se leu tanto como nestes tempos de Googles, Wikipedias e blogs. Claro, muitos escrevem mal, abreviando o impossível e criando palavras com a fertilidade de um coelho, mas estão inegavelmente lendo e escrevendo mais do que a geração passada. Não me parece que o problema esteja na internet ou no uso que se faz dela. Assim como não estava na TV nem no rádio. Tais avanços foram difundidos em todo o mundo civilizado e não soube que tenha causado tamanho dano em países mais desenvolvidos. Para achar um culpado, busquem entre aqueles que determinam os rumos da educação neste país. Pessoas que ao longo dos anos se encarregaram de degenerar todo um sistema. Do salário dos professores, passando pelas licitações fraudulentas para construção de escolas e compra de merendas, até leis estúpidas que ajudaram a nivelar por baixo toda uma geração de estudantes, como sistema de quotas e aprovações automáticas. Muito papo e pouca ação. E todas erradas. “Prosopopéia flácida” de uma política vazia.


“Prosopopéia flácida”. Nunca mais esquecerei a expressão. Fiquei imaginando um remédio para esta grave patologia. Uma espécie de Viagra da oratória, que curasse a verborréia dos políticos, lhes tirando a prolixidade e lhes devolvendo a dureza do discurso, restabelecendo a retidão do caráter e promovendo a firmeza dos ideais. Neste país venderia como água! Ou não.

sábado, 27 de setembro de 2008

Sufrágio ou Naufrágio?

Já disse aqui que eu não voto desde a reeleição do Lula. Parei geral. Desisti de tentar consertar. Pelo menos enquanto eu fizer parte da minoria consciente. Enquanto o imaginário coletivo continuar a ver qualidades em Inácios e Crivellas, eu abro mão do meu "direito". Aceito as críticas e nem perco mais meu tempo explicando o porquê do boicote ao sufrágio. Mas em época de eleição o assunto sempre volta e eu me forço a reavaliar minha decisão. Afinal, insistir por pura teimosia ou tradição seria uma atitude tão burra quanto simplesmente votar por obrigação.

Em geral essa reavaliação começa assistindo aos primeiros dias do horário de propaganda política na TV. Em três dias eu avalio se vou ou não sair de casa no dia da eleição. Foi o que fiz este ano. Definitivamente não dá para acreditar num país com este nível de candidatos. Até é possível pescar um ou dois bons pleiteantes ao cargo de prefeito. Infelizmente não são aqueles que disputam o primeiro lugar nas pesquisas. Mas quando descemos (com trocadilho, por favor) ao nível da câmara de vereadores a coisa complica. O festival de absurdos, idéias toscas e promessas surreais proferidas por candidatos idem, daria uma comédia e tanto. Não fosse trágico.

Podem me chamar de elitista, de besta e o que mais quiserem. Mas realmente não aceito que uma pessoa que nunca estudou na vida deva se candidatar a algum cargo no legislativo ou no executivo. Porque eles não entram no judiciário. Já pensou nisso? Por que, dos 3 poderes, dois aceitam literalmente qualquer pessoa em suas cadeiras? É no mínimo um contra-senso. É até justo e democrático que, se analfabetos podem votar, seja natural que possam também concorrer aos cargos. Acredito até que a maioria dos países democráticos permita o mesmo. A diferença é que nestes países o índice de analfabetos raramente ultrapassa os 5%, enquanto No Brasil temos índices maiores que 25% em certas regiões. E esta estatística nacional faz parte de um conjunto de falácias que considera alfabetizado qualquer pessoa que consiga escrever o próprio nome. Na prática muitos alfabetizados continuam no lado escuro das letras. Ou seja, em alguns municípios essa enorme massa de iletrados é determinante no resultado de uma eleição.

Seja sincero comigo, meu caro leitor. Se fosse dono de uma empresa e tivesse que escolher os membros de sua diretoria, quem você escolheria para tais cargos? Tenho certeza que, diante de uma pilha de currículos, você saberia exatamente quem iria para a diretoria, quais seriam os gerentes e quem ficaria responsável por servir o cafezinho pra esse povo todo. Duvido que você teria alguma dúvida sobre quem eleger como síndico do prédio onde você mora e quem contratar como porteiro. Por mais que o segundo talvez seja a pessoa que mais identifique os problemas do prédio e conheça cada morador, você não o colocaria no cargo do primeiro por falta absoluta de conhecimentos administrativos. Então porque diabos as pessoas de um modo geral não usam este raciocínio na hora de apertar os malditos botões atrás do papelão?

Podem até argumentar que na Alemanha, por exemplo, deve haver uma Verônica Costa local que se candidate a alguma coisa. A diferença é que ela não seria eleita. Claro que há casos de pessoas "fora do ramo" eleitas para cargos políticos, como o famoso caso da húngara naturalizada italiana Cicciolina, estrela de filmes pornôs que ocupou uma cadeira no parlamento da Itália em 1987. Mesmo nestes casos, o peixe fora d'água é uma exceção que não chega a comprometer o trabalho da instituição.

No Brasil as pessoas continuam sendo eleitas por todas as razões erradas. São votadas porque são artistas, gays, evangélicos, famosos e até mesmo porque simplesmente vendem pipoca há 20 anos na porta da igreja. Poucos são os que avaliam o preparo, o histórico e a plataforma do candidato. Depois a mídia fica incentivando o povo a cobrar de seu candidato eleito. Mas cobrar o quê? O povo elege alguém que nada tem a oferecer e depois acha que tem o direito de cobrar algo do Tião da Pipoca? Não posso levar isso a sério.

Este ano, não foi necessário mais do que 15 minutos de horário político na TV para reafirmar a minha decisão de continuar longe das urnas. Meu voto não vale nem o dinheiro da passagem de ônibus até a distante seção eleitoral. De qualquer modo, bom voto para vocês.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Rampas no Olimpo

Passei as última semanas tentando escrever algo sobre as olimpíadas mas não conseguia passar do segundo parágrafo. O texto sempre estava crítico demais, intolerante demais e azêdo em excesso. Porque eu fui contra os jogos desde a escolha de Pequim como sede. Não achava que a China, um país que mantinha outro, o Tibete, sob seu domínio de forma violenta e, mais do que tudo, violava os direitos civis de seus cidadãos, não merecia nenhuma dose de atenção do mundo dito livre. Por muito menos o senhor George Bush Jr. invadiu o Iraque, capturando e executando seu líder máximo. Mas isso é outro assunto.

O fato é que as olimpíadas aconteceram e eu não estava nem aí para nenhuma competição. Claro que foi inevitável assistir (e me emocionar) com a vitória das meninas no vôlei de quadra e com o segundo lugar das meninas do futebol. Mas no geral eu não dei a mínima bola para o que acontecia. De algum modo eu lamentava que as atenções do mundo estivessem voltadas para um país que vivia de aparências e farsas democráticas como a China. Tinha a certeza que o Barão de Coubertin estaria igualmente envergonhado e talvez até revoltado.

Os jogos terminaram e logo em seguida tiveram início as paraolimpíadas. Como sempre, de forma discreta, merecedora de pequenas notas aqui e ali em alguns pés de página e sites, os esportes praticados pelos deficientes nunca chamaram a atenção do grande público. Mas, se a China tinha algo para ensinar ao mundo, este foi o momento da lição. De longe eles realizaram a maior paraolimpíada da história. Um público nunca visto - pagando pelos ingressos - interessado, vibrando e torcendo por aqueles que talvez sejam os verdadeiros heróis olímpicos.

Se o governo chinês é um mau exemplo no modo como trata seus cidadãos, estes por sua vez mostraram ao mundo que os atletas merecem mais do que temos lhes oferecido. Mais do que cuidados especiais e adaptações, eles merecem a nossa atenção. Se eles carregam alguma deficiência física, nós, ditos "normais", também temos as nossas. Só que eles aprenderam, muitas vezes da forma mais dura, a superar suas dificuldades. E nós muitas vezes caímos aos pés das nossas. Quem é o fraco? Quem pode mais?

Cesar Cielo, Michael Phelps e outros tantos heróis olímpicos dedicaram suas vidas ao esporte e colheram os frutos. Alguns puderam contar com o que de melhor havia para seu crescimento como atletas, outros tiveram que penar para conseguir comprar um simples equipamento. Que investimento e infra-estrutura são importantes na formação de um atleta é algo indiscutível. Mas como o soldado Fidípides, cuja história inspirou a maratona, a vontade ainda é o maior incentivo. Sangue, suor e lágrimas.

Tapa na cara de muitos analistas e comentaristas esportivos que justificavam o pífio desempenho da equipe brasileira nas olimpíadas com o velho argumento da falta de investimentos e trabalho de base nas escolas. O que dizer então dos atletas paraolímpicos? Será que eles recebem enormes patrocínios de empresas gigantes? Será que as escolas agora dão preferência aos alunos com deficiências nas aulas de educação física? Obviamente que eles caminham muito mais à margem nesta estrada. Quando não estão no acostamento quase sendo empurrados para o meio do mato. Neste país eles mal podem exercer seu simples direito de ir e vir porque nada aqui é adaptado para eles. Calçadas horrorosas, falta de rampas, ausência de sinais sonoros, transporte público adaptado raro, tudo é feito para sitiar o deficiente.

Pois nossos atletas paraolímpicos, tão acostumados a se superarem nas tarefas mais simples do cotidiano, mostraram que muitas vezes a garra e a vontade de vencer valem mais e podem muito mais do que um patrocínio milionário ou uma mega estrutura de treinamento. Como Caio Julio Cesar, eles foram até a Ásia e agora podem repetir a frase do célebre general romano: "Vini, vidi, vinci." Eles vieram, viram e venceram. E nós agradecemos a lição.

Portanto, peço desculpas aos chineses pelo meu pré-julgamento. Os jogos olímpicos foram recriados na era moderna com o intuito de integrar os povos. Talvez estes jogos entrem para a história como aqueles que reintegraram uma minoria esquecida. Eu aplaudo, assim como acredito que Pierre de Coubertin o faria.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Sweetest Taboo

Este ano eu completaria 10 anos de casado. Não com a mesma mulher, que fique bem claro. Foram 6 anos com a mãe do meu filho e outros 4 com a segunda esposa. Quando um casamento termina, costuma-se dizer que o casamento deu errado. Pois eu lhes digo: não os meus. Meus casamentos deram certo, e muito, no período em que duraram. Aprendi e amadureci muito com ambos. Hoje eu conheço o tripé que sustenta uma relação. Este texto fala sobre uma destas bases. Nem sei se alguém já descreveu isso, se há algum estudo sério sobre o assunto, mas eu aprendi a definir a base de um relacionamento em três pilares fundamentais.

O primeiro deles é o das afinidades de formação e informação. Níveis sócio-culturais que, se não são próximos, pelo menos não sejam conflitivos. Aqui também está o carinho e o respeito mútuo, os gostos pelas mesmas coisas e o respeito por aquelas opiniões que diferem. É o pilar que mantém vivo o diálogo e a harmonia do casal. O segundo pilar fundamental é aquele que envolve o futuro da relação. Os objetivos que ambos têm precisam ser compatíveis e de certo modo comuns. Não adianta um sonhar em morar numa fazenda no interior do Mato Grosso se o outro almeja um loft em New York. Em longo prazo, um dos dois se sentirá frustrado. E o terceiro pilar é o que envolve a parte física. A aparência de um precisa ser agradável aos olhos do outro - e isso nada tem a ver com beleza. É a base que envolve a química do casal e, por conseqüência, o sexo. E este é o assunto do texto.

Sim, porque o sexo é muito importante numa relação. Pelo menos para mim. Cresci ouvindo muitas pessoas tentando minimizar a participação dele no sucesso de um casamento. E muitos são os argumentos. Coisas do tipo: "Sexo não é tudo numa relação." ou "Você passa mais tempo fora da cama do que nela num casamento." ou ainda "Amor e respeito é o que verdadeiramente contam."

Eu discordo. E digo mais: BULLSHIT!

Óbvio que sexo não é tudo num casamento e é mais óbvio ainda que você passe mais tempo fora da cama do que suando e gemendo em cima de uma. Mas daí a dizer que isso não é importante, vai uma grande distância. Seguindo a proporção do tripé que sustenta as minhas relações, ele responde por 33,33% do casamento. O que não significa que eu precise estar em cima da cama (ou da máquina de lavar ligada) durante 8 horas do meu dia. Mas me chateia quando pessoas tentam diminuir a importância dele, como se fosse feio assumir que gosta de sexo ou que o ache muito importante para o sucesso de uma relação.

Numa sociedade onde peitos e bundas são empurrados goela abaixo por todo tipo de mídia, onde crianças copiam coreografias cada vez mais ousadas e o sexo está presente (e cada vez mais explícito) no horário nobre da TV, soa muito hipócrita dizer que sexo não é importante. Sexo vende, sexo estimula, sexo pode até viciar. Mas acima de tudo, sexo é bom. E quem discordar certamente tem problemas nessa área e eu recomendo um bom terapeuta. Porque sexo faz parte da nossa vida. A menos que você tenha atingido um grau de iluminação tal em que ele não seja mais necessário. E mesmo assim eu coloco minhas dúvidas sobre os votos de castidade. Os escândalos católicos não contribuem para a credibilidade deste absurdo voto.

O fato é que o sexo faz parte do ser humano. Somos animais sexuais. Não praticá-lo é, portanto, anti-natural. E eu vou além. Sexo precisa ser bem feito. Precisa satisfazer aos envolvidos no ato. E, como já foi dito, o sexo é sujo e nojento. Mas só quando bem feito. E nesse ramo eu adoro me lambuzar, sem a menor vergonha. Aliás, com muito orgulho.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Confusicons

Há dez anos eu conheci o maravilhoso mundo da internet. Lembro até hoje dos meus primeiros contatos com a grande rede. Com a dica de um amigo mais experiente eu criei uma conta de e-mail no IG, instalei o ICQ e freqüentava assiduamente o mIRC – canais de bate-papo internacionais derivados das jurássicas BBSs. Os três existem até hoje, embora o ICQ tenha sido desbancado há muito por outros comunicadores instantâneos. Hoje a estrela do ramo é o Live Messenger da não menos famosa Microsoft.

O MSN foi, pouco a pouco, adicionando recursos e aplicativos compatíveis, se integrando a outros programas e logo superou seu antecessor. E uma das grandes estrelas do MSN é a infinita possibilidade de criar seus próprios emoticons. Para quem não sabe (embora certamente os use), emoticon é a junção das palavras emotion e icon. Nada mais do que um ícone que represente uma emoção. Inicialmente eles eram criados utilizando-se sinais gráficos da escrita comum, como pontos, vírgulas, parênteses e colchetes. Algo do tipo :) significava uma carinha feliz e era um modo bastante eficaz de criar entonação num simples texto digitado. Genial, não acham?

Só que os anos se passaram e o MSN passou a permitir a inserção de ícones de verdade no lugar de sinais gráficos. Os pontos e vírgulas se transformaram em carinhas, mais ou menos como estas aqui ao lado. Logo em seguida essas carinhas ganharam tamanho e cor e não demorou muito para que elas ficassem animadas a partir do uso de imagens no formato GIF. Foi aí que a coisa começou a complicar. Porque todo mundo passou a criar seus desenhos e, mais do que tudo, copiar aqueles que lhes eram enviados durante as conversas.

Hoje todo mundo tem dezenas deles guardados em seus computadores. Só que a infinita criatividade do internauta para criá-los esbarra na estupidez humana na hora de definir que combinação de teclas fará brotar o desenho na tela. O que muitas vezes gera textos incompreensíveis num primeiro olhar. O mais comum deles é o caso da palavra “Não”. Normalmente representada por uma carinha fofa balançando a cabeça negativamente. O cidadão digita “não” e lá está a carinha sendo enviada automaticamente. O problema é quando o internauta resolve escrever outra palavra terminada em “não”. Impossível entender palavras como “anão” e “senão” sem ter que parar pra analisar com cuidado.

E há outras situações que podem ser extremamente embaraçosas. Conversar com a sua avó (sim, eu conheço muitas avós internautas) para explicar que “a disputa por uma vaga no vestibular está difícil” pode complicar sua vida quando no lugar da palavra “disputa” aparecer algo como “dis – e o desenho de uma sirigaita exibindo os peitos”.

Mas em matéria de freqüência na hora de causar confusão nada supera a interjeição “oi”. Os desenhos utilizados para representá-la variam de simples carinhas acenando até letras piscando no limite da epilepsia. Como o ditongo “oi” é bastante freqüente na língua portuguesa, uma frase simples como “comi oito biscoitos atrás da moita” pode se transformar numa explosão de cores e desenhos na sua tela.
Este fenômeno reflete o que talvez seja a principal característica da internet. Tudo aquilo que é muito legal acaba sendo utilizado demais e deturpado ao longo do tempo. E não raramente o que era muito legal passa a se tornar um problema. Quer exemplos além dos emoticons do MSN? Posso dar vários. Entrar para comunidades do Orkut era uma forma legal de encontrar pessoas que gostassem das mesmas coisas que nós. Hoje há comunidade para as coisas mais inúteis e bizarras e o lixo ali produzido é absurdo. A linguagem JAVA é outro exemplo. Inicialmente desenvolvida para reduzir o tamanho e tornar mais versáteis as animações em páginas da internet hoje é usada de forma tão exagerada que muitos sites feitos exclusivamente nesta linguagem ficaram pesados e poluídos visualmente, aumentando seu tempo de carregamento e espantando muitos usuários.

Por outro lado, o próprio tempo se encarrega de “limpar” estes exageros e tudo acha seu lugar certo e seu limite. Mas enquanto esse dia não chega, que tal dar uma revisada na sua lista de emoticons? Sua lista de contatos agradecerá!

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Estourando o Champagne

Perdi as contas de quantas vezes li textos sobre a virgindade feminina. Fosse na Vogue ou na Carícia (“a revista da gatinha”, lembram?) o tema sempre foi muito debatido. Mas não me lembro de ter lido uma linha sobre a versão masculina deste “tabu”. É como se a virgindade do homem fosse uma banalidade, algo que todos os caras tiram de letra, sem maiores complicações. Então, depois de uma sugestão da minha pauteira oficial, resolvi comentar o assunto a partir de minha própria experiência.

Minha primeira vez com uma mulher aconteceu tardiamente para os padrões do início dos anos 90. Eu tinha 19 anos e ela 23. Não que eu fosse completamente cru no assunto. Já havia passado por quase todas as etapas preliminares do ato em si. De “mão naquilo” a “boca naquilo” eu já havia experimentado de quase tudo. Faltava mesmo o “aquilo naquilo”. Desde os quinze eu vinha praticando aqui e ali com as várias namoradas até que finalmente chegou o dia. O nome dela era Patrícia, quatro anos mais velha, não era virgem e muito liberal. Era perfeito. Ou melhor, deveria ser perfeito.

Porque algumas coisas são quase inevitáveis na primeira vez de um homem. O nervosismo, a ansiedade e a afobação são grandes parceiras neste momento. As roupas não são retiradas, são arrancadas desesperadamente. Fica-se sem saber o que fazer. Não que algum cara tente transar colocando o cotovelo no sovaco da parceira, mas quando se tem uma mulher nua e completamente disponível é natural que o cara fique meio perdido. Como um polvo bêbado, não sabemos onde colocar os oito tentáculos. Peitos, bunda, sexo... Queremos pegar tanta coisa em tão pouco tempo que ficamos confusos e obviamente atrapalhados.

Porque a grande dificuldade do sexo não é o que devemos fazer. Todo mundo sabe para que serve cada parte, quais podem ser beijadas, quais podem ser mordidas e o que combina com o que. O problema maior é o timing - quando fazer cada coisa. E é justamente esse senso de oportunidade que falta ao homem virgem. Acabamos naturalmente atropelando as coisas, pulando etapas e sendo uma experiência inesquecível para nossas parceiras. Porque elas jamais esquecerão como você mandou mal naquele dia. As mulheres que já foram as primeiras de algum homem sabem o que estou dizendo.

A educação sexual masculina se dá de forma errada, baseada em ficções e mitos que só atrapalham a nossa estréia. Pra começar o homem descobre muito cedo a masturbação e a usa até o limite de suas forças como válvula de escape. Nada demais, super saudável e tal, não fosse o fato de que, na masturbação, o objetivo final é o orgasmo e não necessariamente o caminho até ele. Ou seja, passamos anos treinando para ter um orgasmo o mais rápido possível, antes que alguém bata na porta do banheiro. Resultado: ficamos especialistas em ejaculação precoce. Só ao longo da prática é que descobrimos as maravilhas de uma transa sem pressa.

A quantidade de filmes pornôs que assistimos nessa época também prejudica muito o nosso desempenho na estréia. Porque crescemos acreditando em muitos mitos graças a este tipo de “arte”. Em todo filme pornô as mulheres tem orgasmos facilmente e são sempre mini-terremotos, uma transa de 20 minutos é realizada em 28 posições diferentes, o sexo anal é sempre obrigatório e – mito maior – elas não se importam com esperma no olho ou no cabelo.
Está montado todo o cenário para você fracassar com louvor.

Por causa de tudo isso, obviamente minha primeira vez foi uma lástima. Foi dentro de um carro, durou pouco mais de três minutos e ela obviamente nada sentiu (a não ser provavelmente uma vontade louca de sumir dali). Mas eu havia tirado um peso de cima de mim. A partir daquele dia pude me dedicar com mais tranquilidade e fui aprendendo, passo a passo, a entender o corpo delas e controlar o meu. Infelizmente meu relacionamento com Patrícia não durou o bastante para que eu pudesse me redimir do fiasco e proporcioná-la ao menos um orgasmo decente. De qualquer modo, fica aqui eternizado o meu agradecimento por sua paciência, seu carinho e sua confiança naquela noite. Um beijo para você onde quer que esteja, e outro para o projetista da Chevrolet que desenhou o Opala, permitindo que duas pessoas de 1,75m pudessem se deitar no banco do carona e namorar sem quebrar a tampa do porta-luvas com o joelho e sem arrancar o câmbio com o cotovelo. Bons tempos...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Salvem a Mata Nativa!

Voltando a temas mais amenos, decidi comentar um assunto que vem tomando espaço em vários blogs, sites e revistas pelo Brasil afora. Não são as pataquadas da PM do Rio, não é a libertação dos reféns das FARC ou a nova Lei Seca. Nem é um texto ecológico como sugere o título. Nada disso. É algo muito mais simples, mas que tem implicações sociais igualmente importantes: o ensaio da Natália Cassarola para a Playboy.

Mas o que tem demais nas fotos de mais uma ex-BBB? Bom, eu não comprei a revista, mas vi as fotos pela internet. Natália é obviamente linda, embora seu formato de boca não seja exatamente algo que me atraia. Tem um corpo do tipo que o meu avô costumava chamar de “bem fornido”. Mulher farta e convidativa, se me entendem. As fotos nem são lá muito ousadas, não mostram tanto quanto a cuecada estava disposta a conferir, mas um detalhe me deixou espantado: Natália é careca. Lisa.

Não, tia, suas madeixas louras continuam intactas. Eu me refiro ao que ela carrega (ou deveria carregar) entre as pernas. Nada, máquina zero. Estilo frango depenado, manja? Não gosto. Pronto, falei. Acho feio pra caramba. Não que a parte do corpo seja feia, eu adoro cada detalhe dela. Mas o fato de não ter pêlos torna a coisa meio estranha aos meus olhos. E eu acho que estou com a maioria. É só relembrar o fréje causado pelas fotos da Vera Fischer na mesma revista há alguns anos. Ou da Claudia Ohana há algumas décadas. Seus estilos livres, soltos e descabelados foram comentados em todas as rodas masculinas. E alguém se lembra da Adriane Galisteu se depilando em seu ensaio? Sexy no talo!

Eu não saberia dizer em que momento as mulheres entraram nessa de ir desbastando a mata nativa. Talvez tenha sido influência do pornô americano que invadiu o país nos anos 80. Neste tipo de filme a depilação é um recurso para aumentar a visibilidade do ato, melhorar as tomadas e tal, algo compreensivo. Mas daí a tomar isso como regra, vai uma distância. Ou pode até ter sido uma necessidade por conta dos biquínis que foram diminuindo ao longo dos anos e tornando a depilação cavada - ou Brazilian Wax - uma obrigação.

No início de minha vida sexual, raras vezes encontrei com mulheres que se depilavam muito além da virilha. Fazia-se o contorno necessário para que o biquíni não ficasse com franja ou cavanhaque e o resto estava ali, guardadinho, esperando que alguém desbravasse. E eu adorava. Era legal ir se embrenhando por ali, desvendando cada detalhe, cada mistério. No final dos anos 90 as ceras e giletes passaram a fazer metade do meu serviço e as namoradas começaram a vir com as trilhas já abertas, restando ao explorador apenas evitar o mato em torno da mesma. Foi nessa época que comecei a me deparar com os “cortes” mais loucos. Foi a fase do bigodinho do Hitler. Ou de Carlitos. A comparação depende do humor dos participantes e da fúria do sexo praticado. Mas, convenhamos, ambos não são imagens exatamente eróticas. E a tal da depilação artística? Alguém me responda o que é aquilo. Um coraçãozinho no dia dos namorados pode até ser algo legal. A letra inicial do seu nome, uma labaredinha, ainda vá lá... Mas orelhas de Mickey? Valha-me Santa Cicciolina!

Antes que me acusem, não sou radical nem careta. Adoro inovações e variações. Já pedi para namoradas se depilarem por inteiro para experimentar sensações diferentes. Muitas vezes ajudei no processo, numa deliciosa brincadeira. Como fantasia, é válida e interessantíssima. Mas como rotina causa uma sensação estranha. Tem um leve traço de pedofilia que me deixa desconfortável. Não adianta, eu prefiro os pêlos. Fartos na medida, sem que você precise interromper o sexo oral para respirar, no tradicional corte triangular. Nada mais.

Tradicional, como o América do Rio, Leite de Rosas, Big Bob com milkshake de Ovomaltine ou a camisa amarela da seleção. Intocáveis.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Revolvendo o Lodo

Há uma semana venho sofrendo uma tentativa de censura ao meu texto anterior, por conta de um trecho onde confesso meus crimes e aponto o de outros. Não acho que eu deva explicações a quem quer que seja, até porque a liberdade de expressão é um dos meus direitos, assim como é meu dever arcar com as consequências do que digo. Por outro lado, fiquei muito incomodado com o questionamento da veracidade do que escrevi e resolvi prolongar o assunto. Pela última vez.

Em primeiro lugar o meu texto usou de uma linguagem pesada que tinha como intenção maior o meu próprio desabafo e uma leve esperança de provocar uma reação. Tentar tirar o povo da apatia. A grande mensagem do texto era "Todos nós somos corruptos, sem nenhuma exceção. Crescemos assim, cercados por isso, vivendo isso e repetindo isso. Mas talvez seja a hora de mudar." E para exemplificar o que eu dizia citei o meu próprio caso e o daqueles mais próximos a mim.

Quando citei os meus "crimes" eu poderia ter incluído não apenas a propina aos PMs. Poderia contar também das inúmeras vezes que furtei doces nas Lojas Americanas ou as poucas vezes em que furtei fitas K7 numa antiga loja de discos. Poderia até mesmo citar o episódio em que cometi um erro médico quando era estagiário de medicina e, por orientação de um médico, liberei um paciente com sintomas de gripe com apenas uma medicação para a febre. O mesmo paciente retornou horas depois carregado nos braços de um parente - estava morto por meningite. Homicídio culposo? Talvez. Afinal, para os parentes, eu era o cara de branco que atendeu, medicou e liberou o paciente. Eu era o assassino, embora nenhum tribunal pudesse me condenar por isso.

Da mesma forma, quando citei os crimes de outros, poderia ter ido muito além das propinas. Poderia citar os furtos de energia elétrica, de água, os crimes ambientais como o despejo de dejetos em águas pluviais, a posse de arma de fogo não registrada e até mesmo a sonegação fiscal. Mas a intenção do texto não era apontar erros específicos ou expiar as minhas faltas através das falhas de outros. Não era acusar ou "dedurar" quem quer que fosse. Era apenas mostrar que o comportamento errado do brasileiro é passado de uma geração para a outra de forma tão natural e há tanto tempo, que fomos absorvendo isso como parte da nossa cultura. Eu fiz e os meus fazem. Assim como você e os seus também. O velho argumento do "eu faço porque todo mundo faz". Um moto-contínuo de erros que precisa ser parado imediatamente. Era para ser isso e apenas isso.

Infelizmente eu não posso escolher o meu tipo de leitor. O texto é público e está disponível para todos. Uma jornalista que é assídua ao blog, por exemplo, entendeu a retórica agressiva de meu último parágrafo. Ela me conhece e sabe que eu não pegaria em armas. Outras pessoas jamais entenderão o texto da mesma forma. Cada um usa as ferramentas e as informações que tem para interpretar um texto. Uma questão de background.

O fato é que nada foi feito e desde o último post que as coisas pioraram. Mais erros de PMs apareceram, mais crimes foram cometidos e a apatia continua. Eu lamento porque um dia a situação chagará num ponto sem retorno onde o conflito será inevitável. As animosidades estão aumentando, a intolerância cresce a cada dia e a bomba relógio está ativada. Os ricos fecham as janelas para os pobres, os pobres alimentam ódio contra os ricos, o povo está com raiva da PM, a PM está envergonhada demais para olhar nos olhos do povo, os políticos continuam fazendo o que sempre fizeram e nós continuamos com a bunda na janela esperando o próximo que vai passar a mão nela. Isso não tem como dar certo. Está escrito.

Não há mais nada a ser dito sobre esse assunto. Meu muito obrigado a minha maior incentivadora, minha amiga/leitora/escritora/jornalista, por ter entendido e filtrado as reais intenções por trás da acidez e da raiva. Um beijo com muito carinho.

domingo, 6 de julho de 2008

Brontossauro na Brasa

Hoje é domingo e acabei lembrando de algo que, se não é tipicamente masculino, certamente é uma atividade regida pelos homens - o churrasco de fim de semana. É uma daquelas situações onde a diferença entre homens e mulheres fica bem clara.

Tudo começa com um decreto do homem da casa dizendo para a mulher que ela pode descansar porque o almoço do dia vai ficar por conta dele. Ele então passa a demonstrar uma empolgação e um empenho que a mulher adoraria ver empregada em outras áreas do casamento – como ajudar a mudar a arrumação dos móveis da sala, por exemplo. Primeiro ele liga para os amigos convidando apenas os mais íntimos, o que gira em torno de vinte pessoas. O cara vai pra cozinha prepara as peças de carne, monta os espetos e a churrasqueira, ateia fogo ao carvão e abre a primeira lata de cerveja. Os amigos vão chegando e a mulher que segundo a promessa matinal deveria estar de folga, está na cozinha preparando o arroz, a maionese, a farofa, o molho à campanha e correndo no mercado pra comprar a batata palha porque um pacote não vai alimentar a tropa toda. Ele reclama que churrasco é feito de carne e que esse monte de comida é desnecessário. Ela ignora.

Nesse momento a casa já está cheia de gente e a ela corre como louca para colocar uma toalha, pratos, talheres, guardanapos e travessas, tentando dar uma sensação mínima de civilização ao banquete masculino. Ele reclama novamente alegando que tudo isso é frescura e basta um garfo pra cada um, menos pra ele que já usou os dedos e limpou na bermuda. Uma das mulheres pede um pedaço bem passado de picanha e ouve impropérios. Churrasco tem que ser cru, quase mugindo. Pelo menos pela cartilha masculina.

É nítida a divisão do ambiente. Os homens em volta da churrasqueira pegando lascas de carne com a ponta dos dedos e, no máximo, mergulhando na travessa de farofa, para desespero da dona da casa. As mulheres – oásis de educação e higiene – ficam sentadas com seus pratos à mão, degustando todo o buffet e tendo que disputar alguns pedaços de carne com os trogloditas.

Ao final de algumas horas as mulheres comem a sobremesa com a mesma delicadeza enquanto os homens ainda atacam o que sobrou nos espetos. Sobremesa de homem é mais uma lata de cerveja, coisa que o anfitrião anuncia logo depois de soltar um sonoro arroto. Os homens gargalham e as mulheres dão um sorriso amarelo, menos a anfitriã que já está cansada e pensa em toda a louça que ainda tem pra lavar. Na verdade ela preferia que ele e todos os seus amigos estivessem jogando uma pelada...

Não adianta forçar a barra. Eu estou convencido de que homens e mulheres são de espécies diferentes que, por uma ajudinha divina, são compatíveis geneticamente. E isso é apenas para garantir a perpetuação de ambos. Nós sempre seremos como nossos antepassados das cavernas, só que bem barbeados. E elas estarão sempre tentando nos trazer para a civilização. É assim desde que o primeiro hominídeo equilibrou-se nos membros inferiores e tornou-se bípede. Com as mãos livres pela nova postura, o homem passou a caçar, bater e outras “troglodices”, enquanto a mulher foi ajeitar a caverna para que ficasse mais aconchegante, numa versão primitiva do lar.

Nenhum de nós mudou nos últimos 30 mil anos. Ainda somos os machos que disputam território, que buscam a fêmea mais atraente para a reprodução (ainda que os padrões tenham variado ao longo dos séculos) e que almejam a liderança do grupo. E as mulheres continuam zelando pelo lar, pela unidade familiar e pela prole. O mundo civilizado nos levou a misturar características e nos adaptar, mas nossa essência sempre será essa. Podemos até representar papéis diferentes com extrema desenvoltura. Um homem bem comportado num batizado às 9 da manhã de um domingo está segurando seus instintos. Mas se num mesmo domingo ele está em volta de uma churrasqueira, aquele é o verdadeiro homem. Não adianta lutar contra isso. São milênios de convivência. Aprendemos a nos amar e a nos respeitar desta forma. Se julgarmos pela quantidade de pessoas neste planeta, não podemos negar que a fórmula tem feito sucesso. Eu não mudaria nada. No máximo, como sugeriu o Veríssimo certa vez, colocaria um par de seios extra nas costas delas. Mas isso é outro assunto.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Bodas de Prata - Casado com um Vício

Tenho mais uma confissão para este blog. E desta vez não será tão fácil como das outras vezes. Em se tratando de vícios a exposição total é algo complicado. Mas eu preciso falar sobre isso. Então vamos do começo.

Lembro exatamente da primeira vez que tive contato com ele. Eu tinha 12 anos e até aquele momento só tinha ouvido falar daquela novidade pelos jornais e televisão. Foi na casa de um amigo do meu pai que tive o primeiro contato. Enquanto os adultos se divertiam num canto da enorme casa, eu encontrei a coisa largada sobre uma mesa de centro num outro cômodo. Lembro da curiosidade me consumindo e acabei não resistindo. Tive que experimentar. Como toda novidade, você começa meio desconfiado, sem jeito, mas com o tempo vai se acostumando e quando percebe aquilo já faz parte da sua vida.

Pouco mais de um ano depois do primeiro contato esse mesmo amigo me deu de presente um pacote com tudo eu precisava para me tornar um dependente. Ele estava tentando largar do vício passando a bola para outra pessoa. O que antes era uma curtição de final de semana passou a ser um companheiro diário. Guardado no meu quarto, estava sempre a mão para todas as horas vagas. Antes da escola, depois da escola e às vezes eu até acordava de madrugada para saciar meu vício. Eu já morava num condomínio na Barra e descobri que não era o único dependente. Havia muitos como eu. Reuníamos-nos na casa uns dos outros para horas e horas desfrutando do prazer. Quantas vezes cheguei em casa com os olhos vermelhos, lacrimejando pelo uso abusivo. Passei tardes e tardes sem comer ou beber nada, mal percebendo o avançar das horas.

Os anos foram passando e a evolução me fez desejar os mais potentes, os mais poderosos, que prometiam novas emoções. O antigo já não me dava o prazer que eu desejava. Até que finalmente consegui experimentar a nova geração. O vício estava renovado! E agora as sensações eram mais fortes, o que me fazia gastar ainda mais horas por dia dedicado ao louco vício. Eu já estava com 17 anos e não conseguia parar. Pelo contrário, acompanhava pelos jornais que uma nova geração estava sendo preparada e em breve estaria disponível. Matérias de capa nas revistas mais importantes alertavam para a nova febre e seus riscos. Eu babava só de pensar.

Aos 20 eu trabalhava num hospital e pude comprar com o meu salário o mais potente que existia na época. Chego a me emocionar quando lembro o que senti naquele dia. O poder na ponta dos meus dedos. Até minha namorada compartilhava do mesmo vício. Mais madrugadas de olhos vermelhos. Chegava ao ponto de levá-lo pra onde quer que eu fosse. Até em viagens ele me acompanhava. Diariamente eu procurava a minha dose, senão o dia ficava incompleto. Incrível que meus olhos tenham resistido há tantos anos. Os vasos sanguíneos dilatados, um lacrimejar incessante... Olhar de groselha!

Aos 26 veio o casamento e a loucura maior: minha esposa me presenteou com o que de melhor e mais potente havia na época. Não que ela fosse viciada, mas certamente entendia o quanto aquilo era importante para mim. O quanto era parte fundamental da minha felicidade, ainda que me tirasse da realidade. Porque naquela época a coisa havia ficado tão louca que você se sentia praticamente abduzido pelas sensações. Um mergulho num mundo paralelo de onde era difícil sair. Muitas vezes eu sonhava com os lugares que visitava durante a viagem. Até dormindo eu sentia os efeitos do vício. Num segundo casamento a coisa piorou absurdamente, pois ela também era viciada. A disputa por quem conseguia ir mais longe beirava a insanidade. E muitas vezes ela me deixava para trás no vício.

Estou completando 25 anos de adicção. Hoje moro sozinho e tenho tudo o que eu preciso ao alcance de minhas mãos. Continuo usando e abusando quase diariamente. Ainda acordo de madrugada para matar a vontade. E o mais louco disso tudo é que meu filho de apenas 5 anos também se viciou. Não sei se existe algo de genético nisso, mas procuro fazer com que ele não perca o controle e consiga levar uma vida normal, com escola, amigos e responsabilidades normais de sua idade. É difícil, eu bem sei, mas a verdade é que eu nunca tentei me livrar disso. Pelo contrário, sempre me orgulhei disso, alardeando que eu tenho absoluto controle sobre a coisa. Embora em alguns dias eu perceba que não é bem assim.

Desde o Atari em 1983, passando pelo Nintendo 8 bits, pelo Mega Drive, o Nintendo 64 e meu atual PC lotado de games, eu sempre mantive a coisa sob um certo controle. E este ano estou planejando mais um upgrade. Novas e poderosas sensações me aguardam. Só não me decidi se será com um Nintendo Wii, um X-Box ou com o Playstation 3. Dúvida cruel!

Por favor, ninguém me ajude a sair disso!

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Uma vez primatas...

"Terça não dá, é dia de pelada com a galera!”

Toda mulher já ouviu essa frase de algum amigo ou namorado. O futebol com os amigos é uma instituição intocável para a maioria dos homens. Obviamente essa não é a minha praia e muitos são os motivos para esta exclusão.

Pra começar, eu não sei chutar uma bola. Eu sou praticamente um Curupira. Chuto pra um lado e a bola vai sempre para outro. Tenho os pés pra trás. Desde o primário eu era o último a ser escolhido na hora de repartir os times. Se o número de pessoas fosse ímpar, eu ficava de fora. Não é um trauma, uma mágoa, nada disso. É apenas um fato que eu aprendi a aceitar logo na infância. Eu era muito bom em outras coisas, como natação, basquete e tênis. Futebol não. Pronto, resolvido. Outro motivo, muito mais importante, é que eu odeio homem suado. Principalmente esbarrando em mim. Só aturo meu filho e mesmo assim em situações muito específicas.

Porém eu sempre tive amigos que jogavam sua pelada semanal, no colégio, na faculdade e mesmo depois disso. E muitas vezes eu os acompanhava, assistia ao jogo e esperava pela cerveja no final da partida. Posso garantir às mulheres que não existe um ambiente mais masculino do que aquele. Homens quando estão em grupo e longe de olhares femininos costumam sofrer uma involução temporária, como se retornassem à sua forma mais primitiva durante aquele período. Pra começar os gestos ficam mais amplos e o volume da voz sofre um aumento médio de 50%. O vocabulário também se reduz a uma combinação de palavrões costurados vez por outra com preposições e artigos. E isso tudo acontece antes do jogo começar. É como um ritual de preparação para a partida que virá a seguir. Naquelas toscas preliminares eles estão apenas injetando testosterona na corrente sanguínea. É a versão civilizada da "Montanha dos Gorilas".

A partida tem início e fica ainda mais clara a percepção de que eles voltaram à vida selvagem. Pra começar em toda pelada existe o cara que é muito bom, joga mais que todo mundo, faz mais da metade dos gols da partida e é o único que tem uma chuteira profissional. O apelido em geral é o diminutivo do nome – “Pedrinho sabe tudo de bola...”. Ele sabe que é bom, os outros concordam e enaltecem essa qualidade. Normalmente tem o melhor físico entre os jogadores. Ele é o macho alfa, o dominante. O grupo, no caso o time, joga pra ele. Ele reclama de todo mundo, mas ninguém ousa repreendê-lo. É aplaudido até quando erra o gol. No extremo oposto está o cara que joga mal, mas é gente boa, esforçado. Esse normalmente é zagueiro e fica plantado na área esperando a chance de dar uma porrada na canela de alguém. Chamam ele pelo sobrenome – “Ô, Almeida, marca o cara da esquerda!”. Como não adiciona nada para o seu time, fica encarregado de subtrair do time oposto. Em geral é o mais barrigudo e já tem uma acentuada calvície. Entre estes dois tipos está todo o resto: o pessoal que corre, que transpira, que bate boca e disputa cada jogada como se as vidas estivessem apostadas.

Entre 30 minutos e 1 hora depois (dependendo da idade e do tamanho da barriga dos jogadores) a partida chega ao fim e eles se sentam para debater sobre tudo o que aconteceu durante o jogo. Tendo como combustível a cerveja, tem início a mesa-redonda. Se eventualmente algumas mulheres conseguem assistir ao jogo, nesse momento elas têm vontade de desaparecer dali. Mulher odeia debates sobre futebol. Ela não assiste nem o “Bem Amigos” do Galvão Bueno que tem o Kaká com seu sorriso de bom moço, imagina se ela vai assistir a uma mesa–redonda da quinta divisão! Mas os homens adoram esse tipo de conversa. É a hora de tentar reverter na conversa o que não foi possível com a bola nos pés. Hora das desculpas para os maus desempenhos – “Pô, torci o tornozelo na escada do trabalho...” ou “Cara, preciso ver esse meu joelho...”. Também é o momento da troca da guarda. A mudança no posto de macho dominante – “SUDERJ informa: sai Pedrinho, entra Almeida!”. Porque nem sempre o alfa do campo é o alfa da mesa. Agora quem dá as cartas é o macho que agüenta mais a bebida e conta as melhores piadas. Ele é o centro das atenções – “Almeida, conta aquela do português tarado e o padre...”. Sim, porque, nestas ocasiões, piada que se preze precisa envolver ou um estrangeiro, ou uma religião, ou muita sacanagem. Se possível tudo numa piada só.

Os minutos vão passando, o grau etílico dos debatedores vai aumentando e a turma começa a se dispersar. O Pedrinho, por exemplo, precisa ir porque é solteiro e ainda tem duas festas pra “dar uma passadinha” antes de ir pra noitada. Cada um tem um compromisso, um motivo para escapar dali. Trabalho a fazer, acordar cedo no dia seguinte, já bebeu demais, pegar o filho na casa do amigo... É a hora de mostrar que, mesmo naquela bagunça toda, todos são homens responsáveis e sabem a hora de parar. Menos um, o Carlão, que normalmente fica zangado e ameaça brigar com todo mundo que diz que vai embora. Pra ele nunca está tarde, nunca se bebeu o bastante. Bate na mesa, diz que todos são uns bundões e que não são mais os mesmos. Quando o Almeida diz que vai embora porque “a patroa está esperando e ele prometeu levá-la ao shopping”, o Carlão se levanta, faz discurso, precisa ser contido porque já bebeu demais e quase enfia a mão na cara do amigo. Aliás, diz que não é mais amigo de cara que usa coleira. Alguns dão razão ao Almeida e os outros botam panos quentes. O Carlão sai batendo os pés e esbravejando. Promete que não volta semana que vem. Mas até lá ele já se esqueceu da promessa e a pelada estará garantida.

Definitivamente não é a minha praia.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Mais do Mundo Feminino

Estamos na era da tecnologia, onde as coisas evoluem de forma tão vertiginosa que mal conseguimos seguir as tendências. O IPhone, objeto de desejo de dez entre dez geeks, mal completou um ano de vida e já teve a sua segunda versão lançada. Quando falamos de eletrônica e informática, fica quase impossível acompanhar e entender sobre cada novidade. Enquanto isso, em outras áreas as evoluções não são tão divulgadas, o que não significa que sejam menos importantes. Algumas coisas simplesmente foram aperfeiçoadas e absorvidas pelo consumidor sem provocar alarde.

O absorvente feminino por exemplo. Você já parou para analisar o grau de evolução que estes pequenos objetos sofreram nos últimos 30 anos? Não vou nem me reportar ao passado distante das toalhinhas usadas por nossas avós, porque seria um exagero. Mas todos certamente se lembram dos gigantescos Modess da década de 70. E olha que a Johnson & Johnson lançou esta maravilha da higiene íntima feminina em 1927, embora ele só tenha chegado ao Brasil em 1945. Se na década de 70 eles pareciam travesseiros, imagina o tamanho do bisavô dele. Em 1927 eles provavelmente pareciam uns mini-colchões. Posso até imaginar uma parceria entre a J&J e a Ortobom...

Logo em seguida vieram outras tantas marcas, no vácuo do sucesso do Modess. Todos invariavelmente enormes, mas com pequenos diferenciais entre si. Havia até uma marca famosa por sua cola “eterna”, que passava da fita para a calcinha e desta para a dita cuja, e depois retornava para a próxima calcinha, no que talvez fosse o primeiro exemplo bem-sucedido de reciclagem.
Com o passar dos anos os absorventes passaram por uma espécie de pós-graduação em Harvard e ganharam modificações das mais variadas. E nós homens evoluímos junto com eles. Se nossos avós e pais ficavam constrangidos de ir até a farmácia e pedir um pacote de Modess, o homem moderno se livrou deste trauma e consegue com desenvoltura pegar um pacote na prateleira e passar pelo caixa com a maior serenidade.

Quer dizer, ele até conseguiria pegar o pacote e passar pelo caixa. Isso se ele pudesse identificar exatamente a marca e o modelo que foi indicado por sua esposa ou namorada. Sim, porque se para nossos avós e pais era fácil ter que escolher apenas entre 3 marcas e 3 tamanhos, para o homem moderno a operação de escolher o absorvente correto ficou mais complexa do que decorar os comandos daquele novo modelo de celular. Noturno, diurno, uso diário, fluxo intenso, com aba, sem aba, anatômico, ph neutro, perfume de flores do campo... E ainda bem que não inventaram um com pilha, senão certamente um engraçadinho faria a versão com trava elétrica e aquecimento interno.

Ou seja, é impossível não levar um esporro ao chegar em casa com um pacote contendo mais de uma dezena de absorventes que não servem para a sensível (e exigente) perseguida da sua amada. Falo por experiência própria. Com dois casamentos e cerca de quarenta idas à farmácia eu devo ter acertado no máximo umas três vezes. E meus amigos não escapam desta estatística. Nós bem que tentamos e nos esforçamos. Na próxima vez que você entrar numa farmácia, observe o homem na seção de absorventes. Note a cara de desespero, as mãos suadas e o olhar esbugalhado enquanto ele lê as especificações do pacote. Se você for homem, sentirá pena porque você conhece aquela sensação. E se você for mulher, por favor, tenha piedade de nós. Ofereça ajuda. Ou pelo menos não peça mais para o seu namorado ou marido comprar os seus. Ou monte uma ONG para auxiliar esses pobres homens, monte um cursinho intensivo, sei lá...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Peixe à Domicílio

Quando nossos filhos nascem, ao contrário de todos os outros mamíferos, eles não têm capacidade de locomoção. Aliás, fazem muito pouco sozinho, precisando ser alimentados, banhados e vestidos. Sem estes cuidados não sobreviveriam. Então os anos passam, a coordenação motora vai se desenvolvendo e aos poucos vamos ensinando tarefas simples como se vestir, como segurar uma colher e, pouco a pouco eles vão aprendendo. É assim desde que o mundo é mundo, ou pelo menos desde que passamos a habitar cavernas e deixamos as fêmeas tomando conta da prole enquanto saímos atrás do mamute nosso de cada dia.

Mas você já parou para pensar o que aconteceria se os pais não ensinassem a seus filhos cada uma destas tarefas cotidianas? Imagine eles crescendo e sendo alimentados na boca, não recebendo estímulos motores, não indo à escola, ou seja, não se desenvolvendo. Sem dúvida alguma, em poucos anos você teria comprometido a vida inteira daquele indivíduo, que não estaria apto a sobreviver por meios próprios.
Pois é exatamente isso que nosso presidente tem feito. Sim, este é um texto sobre política. Um tema que eu adoro, discuto muito com os que me cercam, mas não tenho muito prazer em transformar em texto. Mas minha paciência está realmente curta com certos absurdos óbvios que vêm sendo ignorados pela imprensa de um modo geral. A grande massa de pobres do país não percebe o que está acontecendo porque está ocupada demais freqüentando lotéricas e Caixas Econômicas para sacar todos os seus “benefícios”. As várias “bolsas” institucionalizadas no Brasil servem com excelência a um propósito muito arriscado. Elas mantêm a grande massa quieta e hipnotizada com a certeza de uma renda mensal. O que ninguém percebe é que esta atitude está comprometendo uma geração inteira. Atitudes populistas e subsidiárias como estas comprometem 50 anos da economia de um país. Não entendeu? Acha exagero? Eu explico.
O ser humano tem uma tendência a se acostumar ao mais fácil. Especialmente o brasileiro. Não é um defeito, apenas uma característica. Queremos sempre o caminho mais curto, o jeito menos trabalhoso, a grana mais fácil. Por isso estes subsídios são tão bem-vindos pela sociedade. Só que, assim como aqueles pais que não desenvolvem seus filhos, o governo também está transformando esta massa em indivíduos cada vez menos preparados para o futuro. Continuando por esse caminho, em menos de 20 anos eles desaprenderão a pescar, porque o peixe estará sendo entregue em suas portas. E seus filhos seguirão pelo mesmo caminho.

Resolver a desigualdade social e a má distribuição de renda com subsídios é no mínimo irresponsável. O maior dano que se pode fazer a economia de um país é não tratar a sua sociedade como consumidores. A antiga União Soviética fez isso e quando tentou consertar era tarde – quebrou. A China fazia isso e está tentando correr atrás do prejuízo e mesmo assim paga pelos erros do passado. Enquanto isso, o Brasil nada na direção contrária. Tratamos nossos menos favorecidos como bebês que precisam de ajuda para tudo. E tome “bolsa”, que além de servir de meio para todo tipo de fraude, ainda deseduca o cidadão que não aprende o valor do dinheiro, o custo das coisas e noções de economia doméstica.

O caminho correto e produtivo seria dar a este cidadão a oportunidade de caminhar com suas próprias pernas, sustentar sua família com seu próprio suor. Um emprego decente com remuneração justa traria benefícios insuperáveis para a sociedade. O trabalhador tratado como consumidor aprende economia, passa a ter a real noção do valor das coisas, movimenta a economia e ganha respeito. Com dinheiro no bolso para pagar suas contas e consumir cada vez mais o cidadão ganha mais do que respeito. Ele ganha liberdade. E uma massa de trabalhadores/consumidores ganha muito mais do que isso. Ganha poder.
Pensando bem, agora essa história de subsídios faz sentido. Alguém que esteja com o poder nas mãos não vai querer dividi-lo. Nem que para isso tenha que desviar alguns trocados do orçamento para calar a boca daqueles que almejam este poder. A má notícia é que ele ainda tem dois anos e meio de mandato. A boa é que ele não poderá ser reeleito. Ou não.