sexta-feira, 30 de maio de 2008

Confissões de um Apaixonado

Desde muito cedo aprendi a admirar as mulheres. Não com o olhar desejoso de homem, mas com o olhar de criatura que vê naquela outra forma um ser algo mais evoluído. Não tenho dúvidas de que Deus criou o homem primeiro como quem traçou o esboço de uma obra prima para, logo em seguida, dar vida a sua criação máxima. Para acentuar este gosto inato pelo feminino, nasci e cresci numa família que cultuava e protegia suas mulheres, as vezes até com excessos. Um estilo de família patriarcal, onde os homens buscavam o provento, estabeleciam ordens e regras, mas dentro do lar, estavam submetidos a fortes figuras matriarcais. Foi assim com meu bisavô paterno e assim com o filho dele.
Ao longo da minha adolescência esta preferência pelo sexo oposto me rendeu muitas críticas e piadas por parte dos amigos, porque eu preferia passar o recreio conversando com elas do que disputando uma bola no meio de um monte de moleques suados - coisa que eu detesto até hoje. Para eles eu era o maricas. Para elas eu era o cara legal, que as entendia e compartilhava de seus interesses. Os anos se passaram e segui por este caminho durante o segundo grau e cheguei à faculdade de medicina, onde logo cedo me encantei pela ginecologia e obstetrícia. Eu que já entendia um pouco sobre a cabeça das mulheres, passei a conhecer também o corpo delas, suas ondas hormonais com suas sutilezas e instabilidade de sentimentos e, é claro, sua anatomia mais íntima. Hoje, por exemplo, eu identifico, administro e tiro de letra qualquer TPM.

Não que isso tenha me tornado um profundo conhecedor das mulheres, e coitado daquele que se achar detentor de tal poder. Mas certamente a soma de todas estas experiências e informações me fez compreendê-las de forma muito acima da média masculina. Eu passei a identificar e traduzir muitos sinais que passavam despercebidos pela maioria dos homens e isso me abriu muitas portas - e, numa fase mais canalha, zíperes. Sim, mais uma vez nesse blog eu confesso um pecado. Durante muito tempo eu usei este conhecimento em prol da galinhagem explícita e da conquista desmedida. Mas, mesmo nesta fase menos louvável, eu me diferenciava dos demais canalhas, porque usava de uma sinceridade absurdamente escancarada. Ou seja, elas saíam com o canalha sabendo que eu era assim e o fato de não omitir esta informação lhes dava uma sensação de segurança. Pelo menos elas sabiam onde estavam se metendo.

Só que todo canalha um dia encontra uma mulher que o coloca no trilho e comigo não foi diferente. Aliás, pensando melhor, foi muito diferente. Porque eu saí da vida de galinha para a vida de casado e em pouco tempo me tornei dona-de-casa. Ela trabalhava e eu lavava, passava, cozinhava, arrumava a casa. Anos depois tivemos um filho, ela voltou a trabalhar e eu passei muitos dias cuidando dele. E sabe o mais incrível? Eu adorei. Foi como uma pós-graduação em Ciências Femininas. Naquele momento eu pude compreender ainda mais o universo feminino, a complicação de administrar uma jornada dupla (trabalho e marido) ou tripla (com filho), a dificuldade de manter tudo o que te cerca com a mesma atenção. E meu respeito por elas aumentou ainda mais.

E por que estou me declarando tão abertamente fã do ser humano do sexo feminino? Porque em fevereiro deste ano eu iniciei um texto em homenagem ao Dia Internacional da Mulher que não chegou a ser concluído. Eu ainda estava me recuperando de uma relação que havia terminado mal e não achei que o texto estaria a altura de toda a minha admiração. Mas ontem eu estive com minha doce namorada Carolina e novamente veio a vontade de me declarar. É uma relação recente, ainda estamos nos conhecendo, dando um passo de cada vez, mas a cada nova descoberta eu fico mais apaixonado. Por sua inteligência, por sua beleza, por seu jeito carinhoso de lidar com todos e, acima de tudo, por me ensinar que nunca é tarde para recomeçar e me devolver sensações esquecidas há mais de dez anos. Fico feliz de ter aprendido tanto com tantas mulheres ao longo da vida para que agora eu consiga ser um companheiro ainda melhor. Fica o meu eterno agradecimento a cada uma delas que de alguma forma me tocou, ensinou e me tornou um homem melhor.
E em especial a você, meu amor, por entrar na minha vida num momento de profundas transformações. Poder contar com seu apoio e seu carinho a cada dia é muito mais do que eu poderia sonhar.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Sobre Lágrimas e Margarinas

Seguindo a linha "confessional" deste blog, depois de abrir para todos que eu adoro novela e big brother, fui um desertor e não voto há anos, deu vontade de contar mais uma. Eu choro em cinema. E atire a primeira pedra aquele que nunca disfarçou e usou de todos os artifícios possíveis para tentar esconder aquela lágrima que insistia em pular justo quando você estava com a namorada, mãe, irmã ou amigo do lado.

Eu mesmo era craque em disfarçar. Até uma certa idade eu não me permitia chorar, muito menos em público! Desviava o olhar, pensava em coisa engraçadas, fazia alguma piada inoportuna, qualquer coisa que fizesse aquela porcaria de lágrima secar. Só que um dia eu cansei. Não lembro exatamente quando foi que tomei essa decisão, mas a minha primeira lembrança de ter deixado as lágrimas rolarem foi assistindo Ghost com uma namorada, num cinema em Brasília. Só no cinema eu assisti este filme 6 vezes. Nós íamos só para chorar. Era só a moedinha subir pela porta que as lágrimas brotavam. Tenho o DVD e até hoje funciona assim.
De lá pra cá eu perdi a vergonha e expandi meus horizontes lacrimosos. Passei a chorar vendo filme na TV, depois desisti de prender as lágrimas assitindo Arquivo Confidencial no Faustão e cheguei num estágio quase terminal, quando choro vendo qualquer quadro onde o Luciano Huck ajuda alguém, seja consertando casas, carros ou dando dinheiro. E dependendo do dia e do estado de espírito, choro até com comercial de margarina... Você sabe, aquele que tem a família toda reunida à mesa, torradas, suco de laranja. Piegas no talo.

Com o tempo eu descobri que, pelo menos em mim, o choro tem o mesmo efeito libertador do riso, só que em alguns casos com a polaridade oposta. Assim como a gargalhada libera uma emoção gostosa, uma energia que não se consegue prender e que pode até contagiar quem está perto, as lágrimas também são o produto de uma emoção maior que você e que certamente precisa ser liberada. E quer saber? Depois que eu passei a aceitar este fato passei a me sentir muito melhor. É claro que aqui e ali sempre haverá alguém para fazer uma piada, mas não é nada que realmente incomode. Na verdade o número de pessoas que você atrai para o choro é maior do que aquele que você repele. Muitas vezes eu comecei a chorar e a pessoa que estava perto de mim acabava liberando a sua emoção também, certamente cansada que estava de segurar as lágrimas com todos aqueles subterfúgios que eu bem conheço.

Como em geral eu explico de onde veio a inspiração para o que eu escrevo, aqui vai: ontem eu assisti um filme romântico com e, é claro, eu chorei. Estando numa fase completamente apaixonado, assistindo ao filme de mão dada... Era inevitável. Na verdade eu teria chorado mesmo que estivesse assistindo Rocky. Tá bom, tá bom, eu confesso: eu choro quando assisto Rocky. Mas só se for o primeiro, o terceiro, o quarto ou o sexto. E eu aceito as piadas. Fui!