domingo, 27 de setembro de 2009

Culhões de Aço

Por três vezes neste blog eu ataquei duramente a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Critiquei sua ineficiência, sua corrupção, seu péssimo treinamento e seu abjeto material humano. Nas três situações eu fui ácido, impiedoso e até mesmo agressivo. Mas hoje estou aqui para justificar o nome deste blog. Eu dei três mordidas, mas agora estou aqui para assoprar. Mais até. Estou aqui para beijar.

Porque eu pego no pé, mas também sei reconhecer quando um bom serviço é prestado. E este texto é para que o nome de dois policiais não seja esquecido. O atirador de elite Major Busnello e o Tenente-Coronel Fernando Príncipe, comandante de toda a operação durante o seqüestro da comerciante Ana Cristina Garrido. Merecem mais que medalhas. Este por ter autorizado o tiro e aquele por ter esperado o momento certo e de menor risco para a refém.

E assim, Ana Cristina foi libertada. Veja que eu não digo que o seqüestrador foi executado. A morte dele foi a conseqüência da libertação. Foi o efeito colateral controlado. Ponto para a PM. Não que eu defenda a execução sumária de todo e qualquer bandido sob a mira de um policial. Criminoso preso, subjugado deve ser encaminhado a delegacia e daí para a justiça. Mas há casos em que a “execução” ainda que na frente das lentes da imprensa, é necessária e bem-vinda.

Palmas para o Tenente-Coronel que, mesmo sabendo que tudo estava sendo registrado em vídeo, deu o sinal verde. E palmas para o major que resolveu tudo com um único tiro. Ambos tiveram aquilo que os latinos costumam chamar de “cojones”. Aliás, alguém que faz prova para ser policial, que vai andar armado nessa cidade louca e eventualmente vai trocar tiros com bandidos, o mínimo que se espera desse cidadão é que ele tenha culhões.

Há quase 10 anos, no começo de 2009, a professora Geysa esteve seqüestrada dentro do ônibus 174, igualmente sob a mira de um bandido armado, que deu inúmeras chances de ser executado com um tiro limpo. Fernando Príncipe, o herói de hoje, estava presente naquele episódio. Mas, segundo informações da imprensa, naquela época ninguém quis assumir a responsabilidade de ordenar a execução em cadeia nacional, já que todas as emissoras transmitiam tudo ao vivo na TV. Foi dito que o governador não autorizou a ação policial. O resultado todos sabem. Faltou culhão.

As polícias de vários países tem esse tipo de policial. O especialista em tiros limpos. Atiradores de elite. Snipers. Os caras frios que sabem esperar a hora certa de resolver tudo. A internet está cheia de vídeos de ações assim. Seja acertando a arma do bandido ou sua testa, o importante é tirar o refém da situação de risco. É para o refém que a polícia trabalha e treina. E não pode ser diferente.

Pois então, que uma nova era tenha sido inaugurada! Que de hoje em diante a vida do inocente esteja sempre acima da vida do criminoso e, se a execução for uma saída segura, que seja feita. Que estes policiais recebam medalhas especiais, que possam ser colocadas em suas virilhas. Porque se um dia eu for sorteado nessa insana e violenta loteria carioca, espero ter policias com culhões assim em minha defesa.