sexta-feira, 15 de abril de 2011

Lar, Doce Lar

Finalmente assisti ao filme Nosso Lar. Sei que é uma falha absurda, para um espírita declarado, ter levado tanto tempo para tal, mas também sei que nada acontece por acaso. E quis o destino que isso acontecesse justamente após eu ter assistido a uma palestra do Divaldo Franco – que vem a ser apenas o maior orador espírita do mundo.

Nesta palestra, Divaldo cita uma passagem pessoal, quando nos USA iniciou sua explanação dizendo não acreditar em vida após a morte. Seu tradutor se recusou a traduzir a frase, espantado com a afirmativa e começou uma discussão de lábios semicerrados, até que Divaldo concluiu. Disse não acreditar e sim saber que existe vida após a morte. Pois quem acredita hoje, pode desacreditar amanhã. Quem confia hoje, pode não confiar amanhã. Mas quem sabe, sabe para sempre. Essa afirmação, entre outras tantas na palestra, me marcou muito.

Os dias se passaram e então me sentei para ver o filme. Claro que nada que vi ali me causou espanto, pois eu já sabia de tudo o que aparece na obra. Já li o Livro dos Espíritos, sei como a coisa funciona do outro lado, o trabalho, a hierarquia, a organização social, os vários níveis das colônias, tudo. Mas nada disso reduziu o impacto de ver aquilo tudo em imagens.

A angústia do umbral, a harmonia da colônia, o amor e a fraternidade entre seus habitantes e – impossível não associar – a arquitetura local. É impressão minha ou a dupla dinâmica Lucio Costa & Oscar Niemeyer andou projetando a colônia em cima do Brasil? A parte da sopa me preocupou um pouco, já que não gosto de alimentos líquidos. As roupas brancas são tranqüilizantes, mas sentirei falta de todas as minhas camisetas pretas. No resto acho que me adaptarei bem...

Piadas à parte, eu adoraria dizer que foi maravilhoso poder relembrar todos aqueles lugares onde já estivemos e para onde iremos. Mas sabemos que uma das regras do jogo evolutivo é ter sua memória formatada antes de voltar pra vida encarnada. O filme pode não ter servido para refrescar a minha memória, mas posso afirmar que foi maravilhoso ver tudo aquilo personificado, ainda que através da magia do cinema.

Minha sensação ao final do filme me remeteu imediatamente às palavras do Divaldo. Não que eu apenas tivesse fé e acreditasse. Assim como ele, eu também sei o que existe após a morte (e antes dela) desde meus catorze anos, quando me projetei altralmente pela primeira vez.  Mas, de certo modo o filme reforçou toda a minha crença. E foi igualmente inevitável não mudar a forma como vejo as pessoas ao meu redor, principalmente aquelas a quem amo. Meu filho e a mãe dele, que estavam ao meu lado, certamente estiveram comigo lá em cima, assim como estarão comigo novamente dentro de algumas décadas.

Pra você que não é espírita e está lendo esse texto, tudo pode parecer uma viagem muito louca e eu não vou, nem quero tentar te convencer do contrário. Na hora certa todo mundo vai saber, querendo ou não. Mas posso te garantir que tudo faz muito sentido, tudo se encaixa perfeitamente e acima de tudo: nada é por acaso.

Se o espiritismo foi a única “religião” que me deu todas as respostas que eu busquei, o filme veio dar uma imagem – em cores e alta definição – a todas as palavras que tenho lido ao longo dos anos. Nosso Lar, a colônia de onde viemos e para onde iremos, passou a ter uma imagem representada na Terra. De certo modo, o filme quebrou a regra que diz que não podemos nos lembrar de lá quando estamos encarnados.

Agora já podemos. Inclusive em Blu-Ray full HD!!!!