
O fato é que as olimpíadas aconteceram e eu não estava nem aí para nenhuma competição. Claro que foi inevitável assistir (e me emocionar) com a vitória das meninas no vôlei de quadra e com o segundo lugar das meninas do futebol. Mas no geral eu não dei a mínima bola para o que acontecia. De algum modo eu lamentava que as atenções do mundo estivessem voltadas para um país que vivia de aparências e farsas democráticas como a China. Tinha a certeza que o Barão de Coubertin estaria igualmente envergonhado e talvez até revoltado.
Os jogos terminaram e logo em seguida tiveram início as paraolimpíadas. Como sempre, de forma discreta, merecedora de pequenas notas aqui e ali em alguns pés de página e sites, os esportes praticados pelos deficientes nunca chamaram a atenção do grande público. Mas, se a China tinha algo para ensinar ao mundo, este foi o momento da lição. De longe eles realizaram a maior paraolimpíada da história. Um público nunca visto - pagando pelos ingressos - interessado, vibrando e torcendo por aqueles que talvez sejam os verdadeiros heróis olímpicos.

Cesar Cielo, Michael Phelps e outros tantos heróis olímpicos dedicaram suas vidas ao esporte e colheram os frutos. Alguns puderam contar com o que de melhor havia para seu crescimento como atletas, outros tiveram que penar para conseguir comprar um simples equipamento. Que investimento e infra-estrutura são importantes na formação de um atleta é algo indiscutível. Mas como o soldado Fidípides, cuja história inspirou a maratona, a vontade ainda é o maior incentivo. Sangue, suor e lágrimas.

Pois nossos atletas paraolímpicos, tão acostumados a se superarem nas tarefas mais simples do cotidiano, mostraram que muitas vezes a garra e a vontade de vencer valem mais e podem muito mais do que um patrocínio milionário ou uma mega estrutura de treinamento. Como Caio Julio Cesar, eles foram até a Ásia e agora podem repetir a frase do célebre general romano: "Vini, vidi, vinci." Eles vieram, viram e venceram. E nós agradecemos a lição.
Portanto, peço desculpas aos chineses pelo meu pré-julgamento. Os jogos olímpicos foram recriados na era moderna com o intuito de integrar os povos. Talvez estes jogos entrem para a história como aqueles que reintegraram uma minoria esquecida. Eu aplaudo, assim como acredito que Pierre de Coubertin o faria.
4 comentários:
Pierre de Courbertin??? Viva o Santo Google: O FUNDADOR DAS OLIMPÍADAS, kkkkkkk! Desculpe, querido, mas há 3 assuntos nos quais sou uma anta: política, economia e... esportes! Não gosto de escrever nem de ler sobre o assunto. Mas gostei muito do seu texto, pq apenas um coração sensível como o seu é capaz de dedicar alguns momentos para escrever sobre ESTES EXEMPLOS MARAVILHOSOS DE SUPERAÇÃO que são os paratletas. Obrigada por me lembrar da importância deles para o mundo, obrigada por me brindar com mais um texto ótimo seu!!!
Po kra detonou! Excelente post! Vc enxerga oq a maioria do povo nao consegue enxergar. Parabens!!!
Bull's eye! Novamente vc acerta em cheio. Realmente o deficiente é tratado como um zero à esquerda neste país. Mas que fique claro que ese nao é um "privilegio" só nosso. É um dos milhoes de detalhes que nos tornam um pais de terceiro mundo. Parabéns Pumpkin, o teu blog esta cada vez mais lindo! Bjos
Nobre amigo,
mais uma vez brindando-nos com um excelente texto.
Existe sim uma grande empolgação e um grande oba-oba em torno das olimpíadas e, sinceramente, acho justo! E muitas modalidades, ir às olimpíadas é a única forma do atleta ganhar certa visibilidade e ter algum retorno financeiro. Muitos atletas treinam anos a fio sem nenhum retorno, em ajudas etc...
Todavia, ver a superação daqueles que a sociedade marca como incapaz toca até mesmo corações insensíveis.
As olimpíadas mostra-nos que somos seres capazes de muito, mas a para-olimpiadas mostra-nos que somos seres capazes de tudo.
Parabéns aos nossos atletas, olímpicos e para-olimpicos. E mais uma vez, parabéns ao Fernando por levar-nos a reflexão/
Cordialmente,
Marco
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