E finalmente chegou mais uma Copa. Quem me conhece, sabe que não sou chegado em futebol. Mas a Copa do Mundo me transforma. Sou daqueles que faz o possível pra assistir todos os jogos. Desde que me entendo por gente é assim. Nasci em 71, ano seguinte ao Tri de Pelé. Ou seja, nasci e vivi na longa entressafra de títulos, período no qual o meu querido Flamengo nutriu minha sede com tudo o que se possa imaginar em forma de caneco.
Minha primeira lembrança em Copas remonta a 78, e não me lembro de quase nada, a não ser o fato de ter passado a odiar os argentinos ali (apenas em Copas, que fique bem claro). Mas minha paixão por Copas brotou mesmo em 82, ano em que literalmente chorei com a eliminação daquela que teria sido a seleção “perfeita”. Em 86, nova decepção, vendo Zico ser imolado no cruel altar das penalidades máximas. De 90 lembro pouco, até porque algumas coisas é melhor esquecer mesmo. Veio 94 e finalmente vivi a emoção indescritível de ser campeão mundial. Quando 98 chegou, eu estava num momento profissional complicado, mas mesmo assim estava lá grudado na TV, sofrendo com a derrota previsível. Em 2002 aderi à Família Scolari com todo o meu coração e não me arrependi. Veio 2006 e confesso que não me empolguei com aquela seleção. Assim como não confio muito nessa que estreia amanhã. Mesmo assim torcerei como um louco, como sempre. Como nunca!
Porque eu não tenho vergonha de ver meu patriotismo exacerbado em Copas. Sinceramente não acho feio esse ufanismo que toma conta do país a cada quatro anos. Será que é tão feio ser patriota quando você vê seu país no topo de alguma coisa? Ser ufanista quando o mundo todo está de olho em seu país, temendo a superioridade histórica, é reprovável?
Não para mim. Os norte americanos também se ufanam por razões diferentes. Para eles, cujo país domina econômica e culturalmente boa parte do mundo dito civilizado e cuja flatulência do presidente pode causar a queda da bolsa do outro lado do planeta, é natural até mesmo a prepotência comum àquele povo. Os franceses se ufanam de sua culinária, seus queijos e vinhos famosos e cobiçados. Os japoneses produzem e consomem tecnologia como nenhum outro povo. Os ingleses idolatram sua propagada educação e fleuma. Todo povo tem um motivo de orgulho, ao qual se apegam. Porque o nosso é tão feio? Porque é um esporte? Porque não veneramos o nosso 7 de setembro como os americanos se rasgam pelo 4 de julho ou os franceses pela queda da Bastilha?
Ah não! Eu prefiro me derreter pelo meu país por causa de um esporte do que por revoluções sangrentas. Não desdenho da história dos outros, mas nossos heróis não pegaram em armas, embora tenham sangrado eventualmente (como Pelé em 62). Não que eu queira comparar o peso histórico e político de George Washington com o talento esportivo de Romários e Ronaldos. Não se trata disso. O caso é saber valorizar aquilo que temos de melhor. Ainda não podemos nos orgulhar de nosso Congresso? Ok, vamos trabalhar pra mudar isso. Não temos a educação de um inglês? Não trabalhamos como chineses? Não produzimos tecnologia como japoneses? Nossos carros não são maravilhosos como os alemães? Sem problemas. Vamos trabalhar nisso também.
Mas sem deixar de se orgulhar e mostrar pra todo mundo que tem uma coisa que ninguém faz melhor que nós. Que quando aquelas camisas amarelas “5 estrelas” entram em campo, o mundo olha com respeito e admiração. Naquela hora é como se cada jogador lavasse a nossa alma. Somos nós que estamos sendo olhados com respeito pelo resto do planeta. Era assim também com Ayrton Senna. Ele, assim como nossos craques, e ao contrário de nossos políticos, faz com que durante um par de horas, cada brasileiro se sinta mais e melhor. E isso não pode ser reprovável.
Então, concordando ou não com a escalação, boa sorte aos nossos heróis. E cuidado com a Alemanha! Depois não digam que não avisei!
2 comentários:
Sou como vc! Copa pra mim é sagrada! Exceto quanto a assistir a todos os jogos alheios, pq assim já é demais, rsrsrs...
Tb chorei muito em 82 e tenho isso registrado no meu diário de adolescente (qd releio, rio muito, kkkk!). Tb chorei em 86 por conta do Zico... Mas aí cresci e não choro mais por causa da Copa. Mas fico de TPM instantânea se o Brasil perde, rsrsrs.
Rômulo bem lembrou que, na Copa do Japão, em 2002, eu acordava de madrugada pra assistir aos jogos (nem eu lembrava que fazia essa loucura, kkk!). Mas lembro bem o quanto torci pro Brasil ser campeão pq já tinha acertado com uma editora que, se isso acontecesse, eu iria produzir uma revista-pôster sobre a seleção campeã. E aí o Brasil ganhou, eu vibrei duplamente (pq ia ganhar um dindim extra), mas penei por não ter ido às ruas comemorar, como sempre faço. Passei o dia trancada na redação da editora fechando a tal revista... Lembro tb que, ao final do dia, exausta pela trabalheira, nem me choquei tanto quando soube que Chico Xavier havia morrido... Soou como algo natural, já que ele era tão velhinho. Não caiu a ficha naquela dia. Mas era pra ser assim mesmo, né? Estava escrito...
E agora estou eu aqui novamente, louca pra chegar amanhã e me juntar a alguns amigos pra torcer. Farra é comigo mesmo! Na Copa, torço, xingo, vibro... e viro o copo, kkkk!
Tenho orgulho de ser brasileira pela seleção e pelo voleibol. E por mais uma porção de coisas! E se essa fria seleção alemã nos atropelar (bons de carros, bons de jogo...), vou guardar minha camisa pra usá-la novamente daqui a 4 anos, dessa vez vendo a abertura da Copa aqui em casa!!!! Oxi, isso é que vai ser orgasmo!!!! (Ah, mas como bem lembrou minha "sábia" filha Milana, isso se o mundo não acabar em 2012, KKKKK!!!!)
Mas saravá, mangalô, 3 vezes! É Brasil hexa em 2010!!!!!
Beijos grandes, amei o texto!
Ana Prôa
www.analuciaproa.blogspot.com
Vc esta certo em vaaaarios pontos:
-Copa do Mundo é paixão.
_Devemos sim ficar muito felizes e orulhosos com nosso futebol.
-E é bom ficar de olho na Alemanha...ta jogando legal viu...rsrsrs.
-A escalação ( na minha opinião) é essa mesmo e não tem outra..é uma questão de merecimento.
Bjos e Sorte pra todos nós.
Um cheiro!
Postar um comentário