sexta-feira, 13 de junho de 2008

A Odisséia do Número 1

O banheiro feminino é um mistério para os homens. Muitas são as dúvidas masculinas em relação àquele incrível espaço restrito ao sexo oposto. Porque elas demoram tanto? Porque para elas é uma operação tão complexa? E - mistério maior - porque preferem entrar lá em duplas?

Enfim hoje li um texto que chamou minha atenção para a delicada operação que envolve uma mulher e um banheiro público. Não que para mim fosse um assunto absolutamente desconhecido, pois tenho mãe e irmã. Acompanhei desde a infância as instruções que minha mãe passava para a caçula sobre como proceder naquele ambiente. Desde a ridícula posição até a proibição de se tocar o assento sanitário. Convenhamos, é uma operação de guerra.

Primeiro a mulher entra e dá de cara com uma invariável fila. E na maioria das vezes ela já está muito apertada. Talvez por conhecer a dificuldade que vai enfrentar no banheiro, a mulher espera até o último segundo para decidir entrar em algum. Quando resolve fazê-lo, está praticamente sentindo o gosto da uréia na ponta da língua. Então ela entra apressada e esbarra numa fila. Dá uma olhada por baixo das cabines, esperando não ver um par de pernas em alguma delas. Tudo lotado. Finalmente uma porta se abre e ela se esgueira pra dentro, quase empurrando a coitada que sai sem pressa nehuma (ela já se aliviou, oras). Com um pingo ameaçando sair a qualquer segundo, ela nem se preocupa em forrar o assento com papel como a mãe lhe ensinou. Tenta trancar a porta, mas o trinco já era, assim como o gancho para pendurar a bolsa. Resultado: com uma das mãos ela segura a porta, enquanto a outra pendura a bolsa no próprio pescoço. Por um segundo ela dá razão ao namorado que sempre reclama do tamanho e da quantidade de coisas inúteis que ela carrega naquele balaio. Ela abaixa a calcinha com a mão livre e finalmente se livra do aperto. Mas no meio da operação um imprevisto. A posição incômoda, o peso da bolsa e uma infeliz que empurra a porta achando que a cabine estava vazia faz com que ela perca o equilíbrio. Suas pernas fraquejam por uma fração de segundo e é o suficiente para que ela molhe a calcinha e parte da calça.

Fim da operação. Ou quase. Não há papel higiênico, óbvio. Mas ela tem o pesado balaio - seu namorado estava errado - e lá dentro, em meio as 72 coisas inúteis que carrega, existe um guardanapo do Bob´s que sobrou na semana passada. Ele está meio manchado de batom e muito amassado. Na verdade ela acaba de se lembrar que assoou o nariz nele hoje pela manhã, mas isso não é hora de nojinhos femininos. Ele desempenha o papel (desculpem o trocadilho) com relativa desenvoltura e quase consegue deixá-la seca. Tudo bem, a calcinha vai pro sacrifício e cuida do resto. Ops, na verdade ela já foi sacrificada com a ajuda da vaca que empurrou a porta. Melhor esquecer. Ela se recompõe, sai da cabine com aquela cara de soberana absoluta. Sem pressa. Lava as mãos e sai.

Então seu amado, que também havia comparecido ao banheiro masculino e leu 3 capítulos de "Guerra e Paz" de Tolstoy enquanto lhe esperava pergunta: "Porque você demorou tanto, meu amor?". Ela então mentaliza a cor azul, força um sorriso amável, engole a vontade de lhe dar um chute nas bolas e responde: "Coisas de mulher, meu amor..."

Resolvi escrever isso como um alerta aos homens impacientes e insensíveis e pricipalmnete em homenagem as mulheres que enfrentam todas estas dificuldades e ainda por cima nos tratam com tanta delicadeza depois de toda essa epopéia. Vocês são fantásticas.

Um comentário:

Ana Lúcia Prôa disse...

Gosteiiiiiii!!!!! Tá exercitando a imaginação! (Ou vc andou entrando num banheiro feminino disfarçado de drag, após um daqueles seus ataques de I WILL SURVIVE?????)

Olha, tenho tantas histórias de banheiro... Ainda mais pq, além da minha bexiga ser pequena, se torna menor ainda qd a Skol decide dividir espaço com o líquido de praxe. De tão apertada, sentei no vaso – sentei sim! – já fazendo xixi (fazendo é pouco... cachoeirando... gostou do neologismo?), sendo que o vaso estava fechado!!!!! Já fui a banheiro de deficiente físico, MORRENDO DE VERGONHA por ato tão sórdido (mas a culpa foi da minha bexiga, que me implorou e me convenceu a deixar a ética de lado!). E, claro, já fiz na calça, por não conseguir segurar após ouvir o trinco da porta fechar... e o fecho éclair da calça teimar em não abrir! Por essa e outras, já fiz muito xixi na rua – mas a última vez foi traumática, qd um homem me flagrou atrás de um carro!!!! (é sério, kkkkkk!)

Enfim, afilhadinho, vc acertou em cheio na sua crônica!

Ainda assim, na próxima encarnação quero voltar mulher!

Beijos!!!!!!!