segunda-feira, 2 de junho de 2008

Salve-se Quem Puder

Recentemente estava assistindo à MTV quando um de seus spots sobre ecologia me chamou a atenção. Nele uma mulher defendia que as campanhas de preservação ambiental deveriam utilizar o lema "Salvem a humanidade!" ao contrário do tão batido "Salvem o planeta!". Nos curtos 30 segundos do spot ela explicava porque defendia esta mudança e eu comprei a idéia dela. Aderi à campanha.

Não precisei pensar muito para dar razão ao novo lema proposto, afinal o planeta não está em risco. Nós estamos. Porque nosso belo planeta sobreviverá a nós, como sobreviveu a tudo nos últimos milhões de anos. Ele já esquentou e resfriou inúmeras vezes, criou as formas de vida mais variadas e extinguiu outras tantas. Até ácido sulfúrico choveu por aqui e nem por isso o planeta morreu. Ele mudou, se adaptou, se reinventou tantas vezes quanto o destino o obrigou, e aqui está, milhões de anos depois, sobreviendo a maior das ameaças.

Talvez as campanhas ecológicas ganhem mais força e maiores resultados se o lema for mudado. Porque o cidadão comum, aquele pouco engajado, que está mais preocupado em ganhar seu dinheiro, pagar suas contas e cuidar da sua família esteja pouco se lixando para o planeta. Porque no íntimo ele sabe que o planeta vai sobreviver. Não importa o tamanho da besteira que a humanidade venha a fazer. Mesmo que o homem acabe com todas as formas de vida e depois aniquile a si mesmo, o planeta vai continuar sua órbita em volta do sol e a natureza vai encontrar formas de equilibrar tudo novamente. Pode levar outro milhão de anos, talvez ela tenha que começar tudo do zero, juntando aminoácidos dentro de algum lago aquecido, mas não tenha dúvidas de que a natureza vencerá. Se você começar a dizer que o ameaçado é o homem, que nós é que corremos risco de desaparecer, talvez consiga comover mais pessoas.

Porque a triste verdade é que o homem é um animal egoísta. Uma pequena parcela da humanidade está preocupada com as focas do ártico ou com os gorilas das montanhas. Para a grande maioria, suas vidas não serão afetadas com o desaparecimento de pandas ou baleias. A nova geração até apresenta um grau de conscientização maior, como o meu filho, que me chama a atenção cada vez que esqueço a torneira aberta quando escovo os dentes. Mas a imensa massa de adultos não está nem aí. Somos egoístas e - erro maior - imediatistas. Eu tenho, com boa vontade, mais 50 ou 60 anos de vida pela frente, e sei que até lá o mundo ainda vai estar aí. Além do mais, eu tenho um emprego, uma casa onde eu separo o lixo e economizo água... Eu faço a minha parte. Não é assim que todo mundo pensa? É como se, ao separar meia dúzia de latas e garrafas pet, estivéssemos pagando a nossa cota de sacrifício com a humanidade. Estamos quites.

Não vou ficar aqui levantando bandeira de nada, até porque acho que a humanidade é inteligente o bastante pra saber (e sabe) que está num caminho errado. se vão tomar atitude e corrigir os defeitos é outro assunto. Só queria deixar claro que o planeta não está nem aí pra gente, porque ele vai sobreviver. Nós é que estamos em risco. Simulações em computadores mostraram que, se o homem desaparecer da face da terra, a natureza levara menos de mil anos para apagar nossos registros de civilização. Prédios ruirão, aparelhos se desintegrarão, a atmosfera voltará ao equilíbrio e a vegetação cobrirá o espaço que lhe foi tomado. Se algum alienígena pousasse aqui mil anos depois, seus arqueólogos encontrariam pequenos traços de contruções como a Grande Muralha ou as pirâmides do Egito. Talvez um ou outro objeto profundamente enterrado... E só.

Ou seja, não somos tão importantes quanto acreditamos nem tão insignificantes que não possamos mudar nosso comportamento. Ainda dá tempo.

Um comentário:

Ana Lúcia Prôa disse...

Se este seu texto fosse uma ópera, eu diria: BRAVO, BRAVÍSSIMO!!!! (Tanto pelo estilo, como pelo conteúdo.)

E sem mais comentários, pq o tema é impactante demais...

Vou aderir ao lema SALVE A HUMANIDADE. Aguarde texto sobre isso no meu blog.

BEIJOS!