quinta-feira, 31 de julho de 2008

Estourando o Champagne

Perdi as contas de quantas vezes li textos sobre a virgindade feminina. Fosse na Vogue ou na Carícia (“a revista da gatinha”, lembram?) o tema sempre foi muito debatido. Mas não me lembro de ter lido uma linha sobre a versão masculina deste “tabu”. É como se a virgindade do homem fosse uma banalidade, algo que todos os caras tiram de letra, sem maiores complicações. Então, depois de uma sugestão da minha pauteira oficial, resolvi comentar o assunto a partir de minha própria experiência.

Minha primeira vez com uma mulher aconteceu tardiamente para os padrões do início dos anos 90. Eu tinha 19 anos e ela 23. Não que eu fosse completamente cru no assunto. Já havia passado por quase todas as etapas preliminares do ato em si. De “mão naquilo” a “boca naquilo” eu já havia experimentado de quase tudo. Faltava mesmo o “aquilo naquilo”. Desde os quinze eu vinha praticando aqui e ali com as várias namoradas até que finalmente chegou o dia. O nome dela era Patrícia, quatro anos mais velha, não era virgem e muito liberal. Era perfeito. Ou melhor, deveria ser perfeito.

Porque algumas coisas são quase inevitáveis na primeira vez de um homem. O nervosismo, a ansiedade e a afobação são grandes parceiras neste momento. As roupas não são retiradas, são arrancadas desesperadamente. Fica-se sem saber o que fazer. Não que algum cara tente transar colocando o cotovelo no sovaco da parceira, mas quando se tem uma mulher nua e completamente disponível é natural que o cara fique meio perdido. Como um polvo bêbado, não sabemos onde colocar os oito tentáculos. Peitos, bunda, sexo... Queremos pegar tanta coisa em tão pouco tempo que ficamos confusos e obviamente atrapalhados.

Porque a grande dificuldade do sexo não é o que devemos fazer. Todo mundo sabe para que serve cada parte, quais podem ser beijadas, quais podem ser mordidas e o que combina com o que. O problema maior é o timing - quando fazer cada coisa. E é justamente esse senso de oportunidade que falta ao homem virgem. Acabamos naturalmente atropelando as coisas, pulando etapas e sendo uma experiência inesquecível para nossas parceiras. Porque elas jamais esquecerão como você mandou mal naquele dia. As mulheres que já foram as primeiras de algum homem sabem o que estou dizendo.

A educação sexual masculina se dá de forma errada, baseada em ficções e mitos que só atrapalham a nossa estréia. Pra começar o homem descobre muito cedo a masturbação e a usa até o limite de suas forças como válvula de escape. Nada demais, super saudável e tal, não fosse o fato de que, na masturbação, o objetivo final é o orgasmo e não necessariamente o caminho até ele. Ou seja, passamos anos treinando para ter um orgasmo o mais rápido possível, antes que alguém bata na porta do banheiro. Resultado: ficamos especialistas em ejaculação precoce. Só ao longo da prática é que descobrimos as maravilhas de uma transa sem pressa.

A quantidade de filmes pornôs que assistimos nessa época também prejudica muito o nosso desempenho na estréia. Porque crescemos acreditando em muitos mitos graças a este tipo de “arte”. Em todo filme pornô as mulheres tem orgasmos facilmente e são sempre mini-terremotos, uma transa de 20 minutos é realizada em 28 posições diferentes, o sexo anal é sempre obrigatório e – mito maior – elas não se importam com esperma no olho ou no cabelo.
Está montado todo o cenário para você fracassar com louvor.

Por causa de tudo isso, obviamente minha primeira vez foi uma lástima. Foi dentro de um carro, durou pouco mais de três minutos e ela obviamente nada sentiu (a não ser provavelmente uma vontade louca de sumir dali). Mas eu havia tirado um peso de cima de mim. A partir daquele dia pude me dedicar com mais tranquilidade e fui aprendendo, passo a passo, a entender o corpo delas e controlar o meu. Infelizmente meu relacionamento com Patrícia não durou o bastante para que eu pudesse me redimir do fiasco e proporcioná-la ao menos um orgasmo decente. De qualquer modo, fica aqui eternizado o meu agradecimento por sua paciência, seu carinho e sua confiança naquela noite. Um beijo para você onde quer que esteja, e outro para o projetista da Chevrolet que desenhou o Opala, permitindo que duas pessoas de 1,75m pudessem se deitar no banco do carona e namorar sem quebrar a tampa do porta-luvas com o joelho e sem arrancar o câmbio com o cotovelo. Bons tempos...

3 comentários:

Ana Lúcia Prôa disse...

BRILHANTE, MARAVILHOSO, FANTÁSTICO!!!!!!!!!

Fernando, a cada dia gosto mais do que vc escreve! Gosto do seu estilo, do seu humor, da sua inteligência que consegue buscar não só as palavras certas, mas agora, tb, as imagens certas! "A primeira noite de um homem" foi sacada mais que perfeita (embora eu não tenha visto o filme, é um clássico. Não dá pra ver o Dustin Hoffman com essa cara de "e agora, o que faço?" pra perceber que se trata deste filme. Ou estou errada?).

Adorei o novo visual do blog! Parabéns! Quero mudar o meu também! Me ajuda?

Beijos grandes!

Helena Vox disse...

Olha, de longe o melhor texto até agora. A verdade é que a cada novo texto vc se supera. Ri muito, embora o que mais acho engraçado é o fato de que nao consigo te imaginar "atrapalhado"...if you know what i mean...rsrsrs. Bjos Pumpkin!

Cassia Lima disse...

Adorei a parte do filme pornô...rsrsrs...é uma grande verdade...dai quem sofre é a parceira.Quem aguenta 28 posições em 20 minutos...Parece que ninguem conta pra esses moços que aquilo é montagem...ha ha ha ...Avisa ai velho