terça-feira, 30 de setembro de 2008

Ora bolas...

Acabo de sair de um debate masculino sobre a pior dor que um ser humano pode sentir. Ficamos entre duas específicas. Não houve consenso e nos dividimos entre uma topada com o dedo mínimo do pé e uma boa pancada no saco. É provável que haja uma terceira como cólica renal, dor de ouvido entre outras. Mas estas envolvem uma patologia e não seria justo que competissem com os acidentes de percurso citados.

Os defensores da topada argumentam que o dedo mínimo não deveria nem existir, já que sua única função seria a de nos orientar espacialmente, determinando os limites dos pés. Não do seu pé, que fique bem claro, mas dos pés das mesinhas de centro, bancadas e afins. Uma topada bem dada envolve até perda da unha e impossibilidade de usar qualquer calçado que não um chinelo durante dias.

Já os que elegeram a pancada no saco diziam que nada se compara à sensibilidade desta parte tão vulnerável da anatomia masculina. Uma dor aguda e contínua, tal qual um violino vibrando uma única nota infinita e incômoda.

Mas houve um único consenso entre os debatedores. Todos concordaram que a topada é uma dor auto-infligida, já que depende unicamente do grau da sua estabanação e disritmia, enquanto a agressão escrotal depende de um agente externo. Uma criança que lhe dê um chute, uma bolada durante o futebol ou algo parecido. Segundo eles, não há como alguém lhe dar uma topada (salvo a improvável situação de duas pessoas descalças se cruzado numa praia e passando tão perto a ponto de chocarem seus dedos mínimos). Assim como não existe a possibilidade de alguém agredir o próprio saco. Mas eles estavam enganados.

Não tive cara de falar na hora, mas eu sou especialista em auto-agressão escrotal – se me permitem o termo técnico. E é uma habilidade antiga e de certo modo periódica. De tempos em tempos eu tento destruir minhas bolas, em alguns casos com tanto empenho que a coisa nem parece acidental. As vezes até de forma cruel.

A primeira vez a gente nunca esquece. Eu tinha 12 para 13 anos e Michael Jackson estava em seu auge. Todo moleque naquela época queria imitar o Michael e treinava coreografias na frente do espelho para depois tirar onda nas festinhas. Eu era relativamente talentoso e tinha uma flexibilidade incrível. Colocava as duas pernas atrás do pescoço com a maior facilidade. Natural que eu me aventurasse em ousados passos. Durante uma apresentação familiar eu executei um dos mais simples, aquele em que Michael sustenta o corpo numa perna só, enquanto balança a outra flexionada para logo em seguida juntá-las em posição de sentido. Eu só não contava que a minha flexibilidade aliada à minha estabanação fosse permitir que meu próprio calcanhar colidisse violentamente contra minhas bolas. Fui direto ao chão, sem ar e sem voz diante do olhar incrédulo da pequena platéia que, durante alguns segundos, não sabia se ria ou me socorria. Óbvio que após a breve exitação a gargalhada foi inevitável.

Depois desta estréia outras tantas agressões aconteceram. Confesso que nenhuma delas foi tão espetacular quanto a primeira, mas em muitas as conseqüências foram bem sérias. Cheguei a ter infecções por rupturas de estruturas internas das minhas amigas – se é que elas ainda me consideram um amigo. Os mais íntimos chegam a me tratar como uma lenda. Eu não conheço outra pessoa que tenha esta capacidade e aposto que você só conhece a mim. Não há outro. Chega a ser um milagre eu ter um filho. Seja cruzando pernas, sentando em cima ou batendo em quinas de mesas eu sei que muitas outras ainda virão.

Há quem diga que o saco é a parte mais importante do corpo de um homem. Que sem ele não teríamos onde guardar as bolas e certamente acabaríamos largando as delicadas estruturas em cima da mesa imunda de algum bar. Ou pior, perdendo pelas ruas para serem pisadas por algum distraído. Imagine o setor de Achados & Perdidos de um grande shopping então! Como reconhecer as suas próprias bolas numa caixa com mais de duzentas? Ah, sem problemas, as minhas são achatadas como uma bolacha maria depois de mais de 20 anos de porradas constantes.

Não sei se existe alguma explicação para esse meu karma. Nem sei se um dia isso terá fim. Na verdade, só tenho uma certeza: haverá uma próxima. E vai doer. Muito.

2 comentários:

Ana Lúcia Prôa disse...

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!!!

Vc conseguiu me fazer rir muito. Tive que apertar o nariz e tampar a boca com a mão para não cair na gargalhada no meio do trabalho (uma sala tão silenciosa, mas tão silenciosa, que nem parece a redação de uma revista!!!)

SENSACIONAL!!!!!!!!!!!

Perfeita, também, a diagramação. A foto do Michael Jackson enriqueceu a descrição da cena hilária do seu "début".

Isso me fez lembrar (toda hora seus textos me lembram de alguma coisa...) de quando eu tinha uns 10 para 11 anos e estava fazendo colônia de férias. De repente, uma criança à minha frente fez um movimento curto e grosso com uma das pernas, tal qual um coice. E acertou justamente onde? Lá... Onde, se eu fosse homem, teria explodido de dor. Mas, cara, vou te confessar: fiquei até meio sem ação na hora tamanha foi a dor que senti... Fiquei imaginando como teria sofrido ainda mais se, em lugar da minha tão charmosa dita-cuja, eu tivesse um horroroso saco escrotal (que já é escroto pelo nome...).

Por isso me solidarizo imensamente com a sua dor... Creio que, se vc usasse um cuecão de couro ou de metal (tal qual uma armadura), pouparia muito os já previstos sofrimentos futuros...

BEIJOS, QUERIDO! ARREBENTOU COM ESSE TEXTO!!!!!!!!!!!!!!

Unknown disse...

ri muito com esse texto..rsrrs tava precisando..bjuss querido
da sua sempre miga..muleca